Nascida no interior, menina tímida, muito apegada a minha mãe; o meu pai, homem simples, caminhoneiro,pouco ficava em casa.
Lembro de um verão que ficou registrado em minha memória de criança -pequenos flashes,que me alegram, em meio a saudade.
Papai alugou uma casa na praia de São José da Coroa Grande – litoral de Pernambuco –, alegremente colocamos o necessário no caminhão, para às férias que seriam inesquecíveis, por sua simplicidade, eu era tão pequenina...
Não lembro bem a minha idade,se quatro, ou cinco anos, certo é que há coisas, que marcam a nossa vida, para sempre - muitas vezes, são coisas tão simples, sem que possamos saber o porquê,tornam-se tão especiais.
Jamais me esqueci da viagem em cima do caminhão; da casa de praia, com um grande alpendre em seu entorno, e da grande trepadeira,que emoldurava o portão de entrada, cheia de flores brancas... alegremente eu as colhia, e as unia criando lindos colares havaianos. Abaixo da trepadeira tinha um banco feito do tronco de um coqueiro, que com certeza, tinha tombado vencido pela idade. Lindo e simples, como jamais pude encontrar, mesmo nas grandes lojas, onde são fabricados com cuidados esmerados e com acabamento, em verniz dando-lhes brilho, e perfeição.
Papai nos deixou lá, por três meses...
Precisava viajar sempre, só poderíamos vê-lo, quando de regresso, das longas viagens em seu grande caminhão - ele tinha que trabalhar duro, para pagar as prestações do mesmo – um Dodge –, novinho em folha.Ficamos com a minha mãe, ansiosamente esperando a volta do papai, que voltava sempre...Hoje, não mais!
Ficou a lembrança de um tempo feliz, que não voltará, igual às águas do rio Una,em Palmares a minha cidade, que passava por trás do quintal da nossa casa, e, que tantas vezes, eu observava o escoar de suas águas levando tudo quanto nele era lançado... Sem volta!
Tal qual aconteceu com o meu pai.
EstherRogessi, Conto Cotidiano:As Férias da Minha Infância, Recife,05/04/10