Mônica tinha um lar feliz, um esposo amoroso e um casal de filhos – moços bem criados –. O seu casamento era perfeito, porém, Mônica achou por bem, montar um negócio e, assim, virou pequena empresária, se dedicando ao ramo da criação de bijuterias finas. “MON’BIJOUX”. A loja foi crescendo... Mônica já não podia estar no lar, como antes. Assim, achou por bem, colocar uma secretária para ajudá-la nos afazeres domésticos... Uma moça de boa aparência, calma, com encantos naturais. Deu certo!
A casa era impecável; os seus filhos estavam satisfeitos, tudo corria muito bem; às refeições, eram perfeitas, variadas. Havia um cardápio, criado e dirigido, por Alice – a eficiência em pessoa –. A presença de Mônica no lar, aos poucos, foi sendo substituída. Havia alguém cuidando do que lhe pertencia. Materialmente e afetivamente. Afinal de contas, agora, ela se tornara empresária, não tinha pensamento em mais nada, a não ser, em novas criações para a estação vindoura. Sua participação no lar era mínima. Já não sabia mais onde estavam certos objetos, as roupas dos filhos e do marido... Até mesmo às próprias roupas... A família, não mais fazia perguntas a Mônica, sobre coisas que, comumente se faz a uma mãe ou esposa – a dona da casa –. Alice tinha recebido carta branca para agir. Agora, a dona da casa, se transformou em hóspede na própria casa. Às horas das refeições, Alice servia a Mário, com imensa satisfação... Tudo impecavelmente à mesa, porém, Mário recebia atenção especial, que era vista pelos filhos como natural. E até então, despercebida também, por Mônica, que nem a mesa, conseguia se desprender dos negócios.
Alice era eficiente em tudo... Mônica não queria perdê-la! Até as compras do Supermercado, eram feitas por ela, Alice, acompanhada por Mário, sentada lado a lado no carro...
Pablo – filho de Mônica – aos poucos, apaixonou-se por Alice e, nos finais de tarde, quando estavam a sós, vivia momentos de amor que jamais vivera, até então...
Certa noite, porém, Pablo não satisfeito com a tarde que tivera, procurou Alice em seu quarto, em meio à noite. Ficou surpreso por não encontrá-la e começou a busca por toda a casa. Não houve um só cômodo, em que ele não a procurasse em vão... Logo pensou: – Ela está saindo para se encontrar com alguém, enquanto dormimos. Afinal de contas, dentro desta casa ela não está!
Apesar de jovem, Pablo soube controlar o seu ciúme, e calou! Voltou a ter lindas tardes ao lado de Alice, porém, sem se esquecer da sua ausência misteriosa, naquela madrugada...
O desejo de tê-la mais uma vez, fez com que, ele voltasse a procurá-la em meio à noite. Para o espanto do jovem, mais uma vez, Alice não estava em seu quarto. A busca teve início. Como fizera anteriormente, Pablo a procurou por todos os cômodos da casa... Nada! Não satisfeito, abriu a porta de entrada e cuidadosamente observou todo o pátio externo. A casa era tipo condomínio fechado, e a área pertencente à família, se restringia a um espaço pequeno e garagem. Não havia ninguém do lado de fora! Pablo sentou no degrau à porta da casa e pensou: – Ah!... Vou esperá-la! Quero saber aonde ela está passando às madrugadas e com quem... Porém, o sono, o venceu! Dormiu, encostado a porta e acordou com o tombo que levou, quando Alice abriu a porta, para ir comprar o pão para o café da manhã...
Pablo caiu aos pés de Alice, que gritou assustada, acordando a todos – menos a Mônica –. Como poderia Alice pensar ser o Pablo?...
Este, por sua vez, levantou e olhou para Alice em silêncio..., perguntou a si mesmo: – Onde ela estava? Pensei não estar na casa e fora também não... Porém, ela estava dentro de casa! Nos dias que se seguiram, Alice se tornou muito mais eficiente para Pablo... Até que, outra vez, ele decidiu procurá-la na madrugada. Como era de se esperar... Não a encontrou!
Depois do acontecimento da porta, quando Pablo teve a certeza de que Alice não estava na rua e sim dentro de casa, lhe restou uma conclusão lógica, que, prudentemente resolveu ter a certeza e para isso, agiu em silêncio... Cuidou para que fosse feita uma cópia da chave do quarto dos pais... E, quando ao procurar Alice, mais uma vez não a encontrou, calmamente abriu a porta do quarto dos genitores e gritou pasmo: Paai! Aliiice!...
Todas às noites, antes de dormir, a boa Alice, colocava um calmante no leite de Mônica, para que a patroa dormisse igual a um anjo, para que, assim, ela pudesse servir eficientemente a Mário... Na cama do casal, com Mônica entorpecida ao lado!
 
 
EstherRogessi, Conto: Guarda o Que Tens... Categoria:Narrativa.05/04/10
EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 03/04/2010
Reeditado em 10/09/2013
Código do texto: T2174741
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