Ruptura

Era só uma criança, mas sentia que a alma estava tomada por uma tristeza quente. Joana tinha apenas nove anos, embora as pessoas achassem que era mais velha, não só pelo fato de estar em uma classe de repetendes, fato este ocasionado devido a inesperada mudança de cidade, mas também, pelo seu desenvolvimento físico precoce, motivos os quais provocaram muito cedo olhares do sexo oposto. Tinha vergonha, e justamente por isso, resolveu mentir a idade, aumentando assim, três anos a mais.

Ah , aquilo era horrível, não queria se tornar uma mulher, mas também não conseguia encarar as companheiras de sala e dizer que adorava brincar de bonecas, não obstante nutrisse algum sentimento estranho por algum menino, ainda assim não era nada tão real que pudesse se concretizar.

Estava perdida e sabia que não podia contar com ninguém para ajudá-la.Todos andavam ocupados demais com suas funções corriqueiras.Então, sentiu pela primeira vez que teria que se "virar sozinha", sentiu medo, um vazio, mas sabia que assim seria pelo resto da vida. Foi a primeira vez que chorou, não como uma criança aos berros desconsolada, mas como uma adulta que deveria ser.Choro silencioso, dolorido, porque agora não era um simples "machucadinhu" que poderia ser facilmente curado, não, era uma dor abstrata,dor que jamas sentira,infinita e intensa, ah ... era dor da alma.

Gianni Coffacci
Enviado por Gianni Coffacci em 26/03/2010
Código do texto: T2160661
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