O MAESTRO CRONEMBERGUE

Terminei um show musical no Club Granja Comary em Teresópolis, e tive a sensação de ter feito uma boa apresentação, era uma Noite de Queijos e Vinhos, as pessoas faziam questão de vir me cumprimentar e mostrar seus contentamentos com a minha atuação. Um admirador mais entusiasmado me pediu que mostrasse algumas músicas de minha autoria ao piano, o que me prontifiquei a fazer imediatamente. Nos primeiros acordes uma senhora visivelmente embriagada me interrompeu e perguntou:

_ O senhor conhece o maestro Cronembergue?

E eu respondi _ Não conheço não senhora.

E ela com a voz arrastada, própria das pessoas alcoolizadas, disse:

_ Ele é meu primo.

_ Ah! Que legal. _ Eu falei.

Reiniciei a música interrompida, que foi acompanhada com muita animação por um pequeno grupo de pessoas que rodeou o piano, mas assim que terminei a interpretação a mesma senhora perguntou:

_ O senhor conhece o maestro Cronembergue?

Mais uma vez respondi: _ Não, não conheço.

E ela falou:

_ Ele é meu primo.

_ Que bom.

Foi quando o tal admirador entusiasmado perguntou:

_ Você me acompanha em uma canção? E eu disse: _ Tudo bem.

Mal o cidadão começou a cantar sinto alguém me tocar no ombro, quando eu me viro para ver quem era, a mesma pergunta:

_ O senhor conhece o maestro Cronembergue?

Com muita educação e paciência, respondi pela terceira vez:

_ Não, minha senhora, eu não conheço.

_ Ele é meu primo.

_ Que ótimo.

Mostrei mas algumas músicas de minha autoria, outras pessoas também cantaram até que resolvi me despedir, quando do meu lado ouço a indagação:

_ O senhor conhece o maestro Cronembergue?

E eu falei:

_ Já sei, ele é seu primo.

Abrindo um grande sorriso, ela falou para que todos ouvissem:

_ Viu? Não disse que ele conhecia?