Dias de Enganos Ciganos
Dia desses, passei em meu alfaiate pra buscar uns reparos e consertos de roupas.
Dias, grande Dias , profissional de mão cheia, de mais de duas décadas emprestando seus magníficos serviços à griffe Brooksfield, junto à outra figura;hoje, lojista do ramo, o Oscar.
Permitam-me tecer um comentário sobre o Dias: o cara é tão incrível que, levei-lhe uma fina calça social de pouco uso – estava apertada – com um detalhe curioso; não havia tecido pra expandí-la. Entreguei-lhe mais como um desafio, já que não acreditava em recurso mágico.
Pois não é que mais tarde ele liga, pra buscar a encomenda?
-Afonsão, tá pronta!
-E aí? Deu?
-Tá pronta!
Experimentei e só não caiu como luvas por que tratava-se de calça. O cara ganhou tecido reduzindo as avantajadas pinças da calça. Pode?
Quem sabe você tem o que recuperar aí ,em seu guarda roupa?
Então vai o endereço: rua Gonçalves Dias, 2299 – loja 11 – Lourdes- BH., pertinho do Diamond Mall. Embrulha numa sacola bonita que vou passar no shopping, ai você já viu, né. É, disse ele, esse negócio de aparência é um caso sério, tenho até um caso interessante, que aconteceu quando trabalhava na loja. Falava ele: entrou lá um cigano, magro, alto, cabeços lisos grandes, que sobravam do chapéu na cabeça, aquela aparência pardacenta de terra, não muito higiênica e não houve vendedor algum que habilitasse a atendê-lo. Quando eu reparei bem o cara falei pra Marisa, uma dos vendedores:
vai lá menina, o homem tem dinheiro, vai lá!
Ela falou: eu não sô Dias. É fumo, tô fora! Ainda por cima ele vai querer ler minha mão.
Que isso menina, da outra vez que esteve aqui, fui tomar um café, passei na frente do magrelão na hora em que ele bocejava e ocê precisava ver.
O que?
Parece que todo o ouro de Serra Pelada tava lá.
A menina pensou, pensou e não foi. Ninguém foi.
Passado um bom tempo, o homem enfureceu-se de vez e esbravejou, naquele ciganês clássico misturado com esporro:
tem ninguém aqui pra me atender não, ôh...?
O gerente acorreu solícito, o homem de raiva mandou descer calças e mais calças, camisas e mais camisas. Pra você ter uma idéia, ele queria renovar até o fedorento chapéu. Tirou um lenço encardido do bolso - aliás encardidos, lenço e bolso - jogou um dinheirão no balcão, pagou e foi embora sem olhar pra tras. E olha que não era antecipação de devolução de imposto de renda não. Por acaso cê já viu cigano declarar?
Resultado: fim de expediente, o dono reuniu a turma, passou um baita de um polido e merecido corretivo em todos.
Teve neguinho que ficou azul, mas como nem todos eram cruzeirenses...
A comissão?
He, he, he, ficou pra loja, claro.
Nisso é que dá, julgar os outros pela aparência.
Toma distraído!
Dia desses, passei em meu alfaiate pra buscar uns reparos e consertos de roupas.
Dias, grande Dias , profissional de mão cheia, de mais de duas décadas emprestando seus magníficos serviços à griffe Brooksfield, junto à outra figura;hoje, lojista do ramo, o Oscar.
Permitam-me tecer um comentário sobre o Dias: o cara é tão incrível que, levei-lhe uma fina calça social de pouco uso – estava apertada – com um detalhe curioso; não havia tecido pra expandí-la. Entreguei-lhe mais como um desafio, já que não acreditava em recurso mágico.
Pois não é que mais tarde ele liga, pra buscar a encomenda?
-Afonsão, tá pronta!
-E aí? Deu?
-Tá pronta!
Experimentei e só não caiu como luvas por que tratava-se de calça. O cara ganhou tecido reduzindo as avantajadas pinças da calça. Pode?
Quem sabe você tem o que recuperar aí ,em seu guarda roupa?
Então vai o endereço: rua Gonçalves Dias, 2299 – loja 11 – Lourdes- BH., pertinho do Diamond Mall. Embrulha numa sacola bonita que vou passar no shopping, ai você já viu, né. É, disse ele, esse negócio de aparência é um caso sério, tenho até um caso interessante, que aconteceu quando trabalhava na loja. Falava ele: entrou lá um cigano, magro, alto, cabeços lisos grandes, que sobravam do chapéu na cabeça, aquela aparência pardacenta de terra, não muito higiênica e não houve vendedor algum que habilitasse a atendê-lo. Quando eu reparei bem o cara falei pra Marisa, uma dos vendedores:
vai lá menina, o homem tem dinheiro, vai lá!
Ela falou: eu não sô Dias. É fumo, tô fora! Ainda por cima ele vai querer ler minha mão.
Que isso menina, da outra vez que esteve aqui, fui tomar um café, passei na frente do magrelão na hora em que ele bocejava e ocê precisava ver.
O que?
Parece que todo o ouro de Serra Pelada tava lá.
A menina pensou, pensou e não foi. Ninguém foi.
Passado um bom tempo, o homem enfureceu-se de vez e esbravejou, naquele ciganês clássico misturado com esporro:
tem ninguém aqui pra me atender não, ôh...?
O gerente acorreu solícito, o homem de raiva mandou descer calças e mais calças, camisas e mais camisas. Pra você ter uma idéia, ele queria renovar até o fedorento chapéu. Tirou um lenço encardido do bolso - aliás encardidos, lenço e bolso - jogou um dinheirão no balcão, pagou e foi embora sem olhar pra tras. E olha que não era antecipação de devolução de imposto de renda não. Por acaso cê já viu cigano declarar?
Resultado: fim de expediente, o dono reuniu a turma, passou um baita de um polido e merecido corretivo em todos.
Teve neguinho que ficou azul, mas como nem todos eram cruzeirenses...
A comissão?
He, he, he, ficou pra loja, claro.
Nisso é que dá, julgar os outros pela aparência.
Toma distraído!