Passeio no Santo Cruzeiro

Como tem sido mais constante nos últimos anos, em épocas de carnaval, tenho optado por fugir da chamada cidade grande e reencontrar amigos e parentes na minha cidade de origem e em outras pequenas cidades, sítios ou chácaras.

Pois bem, no último carnaval não foi diferente.

Numa tarde de sábado, acompanhado de meu amigo Mané Lebre, estava fazendo uma pequena “Via Sacra” na minha ainda pacata Delfim Moreira, em visita a alguns parentes quando de repente encontramos meu primo Miguel. Pessoa extrovertida e alegre que havia vários anos que não o encontrava.

Este encontro mudaria nosso passeio radicalmente naqueles dias que estavam por vir.

Na companhia de Miguel, fomos até a casa de seu cunhado e também meu primo Sérgio, oportunidade em que, entre uma “branquinha” e outra, conversamos e demos muitas risadas, ficando feito um convite para que para que participássemos de uma feijoada na Divisa (antiga fazenda de meu tio Antonio Silva), mais especificamente na casa do Miguel, na segunda feira. Convite feito, convite mais que aceito.

Segunda feira, por volta das 10:00 h., eu e meu fiel companheiro Mané, estávamos a caminho da Divisa. Logicamente que para chegar lá tínhamos que passar “obrigatoriamente” por alguns botecos e vendas, missão essa que cumprimos a risca.

E foi assim: Bar do Ex-prefeito Dalmo, Bar da Tábua, Venda do primo Martinho e assim por diante, melhor dizendo, para cima, considerando a altitude do local.

Para encurtar a história, basta dizer que quando chegamos na casa de Miguel já estávamos “prontos” para a famosa feijoada.

Lá encontramos: Lúcia e Miguel, Marília e Ocimar, Edinéia e Sérgio, Deise e Mane, Priscila sem o seu marido Grilo (Não conseguiu autorização para sair da toca), O também primo Aldo, Evandro filho de Sérgio e mais uma renca de crianças cujos nomes agora já não me ocorre.

Ainda tivemos a participação especial de nosso alegre tio Ademir que não costuma faltar nessas horas. Ficamos sem a presença dos primos Antonio Carlos e sua esposa Joanna do Rio de Janeiro e Rosilene e seu marido de São Paulo.

Entre um preparativo e outro, muita conversa e gargalhadas, matamos a saudade de todos, que não era pouca.

Pois bem, para justificar o título desta narrativa basta dizer que ficou decidido que faríamos um passeio ao pé do Santo Cruzeiro.

O Santo Cruzeiro, para quem não sabe, é um local bem alto que as cidades escolhem para fixar uma enorme cruz (normalmente de madeira),e que acaba se tornando em ponto turístico de cada cidade. Apesar de ter nascido naquela região, nunca tive a oportunidade de realizar tal passeio.

Então por volta das 4:00 h. estávamos em verdadeira caravana rumo ao Santo Cruzeiro.

Somente Mané Lebre não foi (Outrora tinha trabalhado muito naquela região, e não trazia boas recordações).

Fiquei incumbido (por livre e espontânea pressão) de levar as crianças na caçamba de minha saveiro amarela, a qual apelidei de “piu-piu” (uma alusão ao personagem da dupla frajola e piu-piu).

Durante a viagem, alguns inconvenientes: O carro de Ocimar, que ia na frente não conseguiu subir um trecho íngreme e as primas Marília e Priscila tiveram que descer e fazer um pequeno trecho a pé. Tiveram que agüentar a gozação de todos pois dizíamos que elas estavam pesadas por conta de seus pecados. (Muita emoção e gargalhadas). Também as crianças desceram da caçamba, mas estas, por conta de segurança.

Em pouco tempo estávamos no topo da montanha, apesar de que a estrada não ajudava muito, pela má conservação. Más estávamos lá.

Como todo bom passeio, alguém se encarregou de levar uma enorme mortadela, pães e refrigerantes. Tinha até fila e comemos tudo. Um verdadeiro banquete!!

Uma das primas mais gulosa (não me arrisco dizer quem, mesmo porque todas devem ler este relato), se encarregou de levar um tanto de feijoada, que também por sinal, não sobrou nem pro cachorro.

Pois bem, os detalhes fariam com que este texto ficasse muito longo, no entanto afirmo que, a emoção dos momentos que se seguiram é muito difícil de transportar para um papel.

O local é simplesmente mágico! De lá se avista toda a cidade de Delfim Moreira, a cadeia de montanhas, os picos, os bairros mais distantes da cidade e mais tarde o encantador por do sol e a nossa cidade se iluminando com as luzes artificiais. Indescritível!

São momentos como esses que temos a noção, do quanto somos pequenos diante da criação de Deus.

Bem, chegada a hora de retornar, ficaram as promessas de voltaremos assim que a primeira oportunidade chegar.

Também, fica aqui algumas indagações que se fazem cada vez mais necessárias: Porque insistimos em destruir tudo isso?!! Quando o homem irá aprender a cuidar desta casa e deste maravilhoso quintal?! Nossos netos terão este privilégio que acabamos de ter?! Não sei!

Paulo Kostella

10/03/2010