O GRITO
Esbraveja o ermitão em forma de desabafo, cansado, roto e desesperado após mais um torturante e quase interminável dia.
Faca sega na madeira, lide pobre lida, ao seu lado um cachorro sarnento, companheiro das noites mal dormidas. Vida velha sem guarida, lembranças de um passado que talvez tenha vivido.
Adormece, pois o sono lhe conforta. Sonha então com a sua família estruturada, amigos, trabalho, baladas nas madrugadas e mais uma vez reluta em acordar e retornar a sua dura e solitária vida . Logo amanhece o dia e com ele o sol latente beijando-lhe a face.
Só e endurecido pela amarga realidade, ele chora e deseja a morte, o que por azar ou sorte não acontece, retoma então seu escarpado caminho e com os pés calejados e marcados dos espinhos da estrada, inicia a sua próxima jornada em busca do amanhã.
Wagner Santana