Corpo e alma

Levantou-se às seis horas da manhã e foi direto ao banheiro escovar os dentes e lavar o rosto. De repente olha-se no espelho e se vê como nunca se viu; o que ele viu? Espantou-se de tal forma que não conseguiu esconder o espanto de si próprio, parecia ter visto sua própria alma naquele rosto que para ele era como que desconhecido naquele momento. O que fazer? No que poderia ele intervir diante daquele sentimento?

Como era duro se enxergar daquela maneira. Parecia que sempre vivera um sonho; um eterno sonho em que tudo sempre dera certo no final e, quando não desse certo é que ainda não teria sido o final. De uma hora para outra o sonho terminara? Como Assim? Em suas expressões faciais ele conseguia ver todas as suas mazelas e até mesmo em seu sorriso ele conseguia ver a tristeza; era como se ele conseguisse ver seus sentimentos e tocá-los se quisesse.

Sentia que o tempo havia passado e que não voltaria atrás de forma alguma, sentia que sua vida não estava apenas em suas mãos como ele sempre pensou, começou a sentir medo de tudo isso. Não sabia explicar o porquê do medo, mas sabia que ele estava presente naquele momento critico de sua vida, mas por que momento crítico? O que estava acontecendo diante daquele maldito espelho? Sentia angústia? Ou o que seria esse sentimento abafado em seu peito que parecia corroer suas entranhas? Essa dor inexplicável que o atormentava? De onde vinha e por que vinha dessa forma? Como poderia em uma noite você ir deitar-se normal e no dia seguinte ver-se de outra forma a ponto de estranhar seu próprio rosto no espelho achando-se um estranho? Quem era ele e por que tanta dor?

Abaixou a cabeça e viu seu corpo que estava só de cueca. Um corpo estranho que ele não entendia o porquê era tão importante; era um monte de massa e liquido que tomara uma forma que foi dada o nome de forma humana. Isso tudo lhe parecera tão pequeno diante da imensidão do universo que ele começou a temer até mesmo o vento, pois o vento pareceu ser tão mais forte e imponente diante dele; seu medo se estendeu a outros seres humanos; existiam tantos outros mais belos e poderosos do que ele, que em sua cabeça passou uma vontade de evaporar do planeta se pudesse.

Quem era ele? Até que ponto ele se expressava e era ele mesmo e até que ponto era um manipulado? Como era duro entender do dia para a noite que era um produto sem pensamento a expor e sem conteúdo algum, quanto vazio existia nele. Teve medo e vergonha de continuar pensando sobre tudo aquilo; terminou de escovar seus dentes, lavou o rosto, colocou sua roupa e foi a seus afazeres. Será que naquela manhã estava acordando de um belo sonho para a realidade?

ronaldo moraes
Enviado por ronaldo moraes em 02/03/2010
Código do texto: T2115814
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