Cenas cotidianas
Ainda era cedo. Não dera nem sete horas, embora o sol escaldante teimasse em desmentir o relógio. Da janela do ônibus, meus olhos perscrutavam a movimentação matinal típica das periferias urbanas. De repente, a cena se desenrola e eu observo. A mulher trajando camisola, debruçada sobre o muro conversava freneticamente com seu interlocutor que estava do outro lado. Suas mãos gesticulavam muito e seu semblante era notadamente alegre. Movida pela curiosidade natural que o ser humano possui, eu esticava o pescoço tentando ver quem era a “pessoa” que entabulava tão animado diálogo com a senhora da camisola. Logo descobri. Seus olhos extremamente atentos estavam voltados para ela. Parecia inquiri-la sobre algo. Suas orelhas estavam em pé e ele, o cachorro, muito solícito, dava a impressão de entendê-la perfeitamente.