VERDADE OU MENTIRA ?
VERDADE E MENTIRA
.
Com a mochila de lanche a costa, Bruno saiu de casa correndo rumo a Escola, pois já estava atrasado para o passeio com os professores e colegas, mas, quando virou a esquina viu, decepcionado, que o ônibus já ia saindo.
Já estava pensando tristemente em voltar para casa, quando um carro parou junto a ele e um rapaz bem apessoado ofereceu:
- Perdeu o ônibus, garoto? Entre ai que eu levo você..
Sem pensar duas vezes Bruno entrou no carro, mas, percorridos poucos quarteirões percebeu que o rapaz dirigia-se para outro lado da cidade.
- Ei! Não é por ai! É lá no parque, perto da represa!
- Fique quieto! Se fizer barulho eu te mato.
O rapaz mostrou-lhe um revólver e Bruno ficou paralisado de medo.
Fique calmo. Se colaborar não vou fazer nenhum mal para você.
- O que você vai fazer comigo?
- Nada. Nós vamos até uma casa abandonada, daí você vai ligar para sua casa e pedir que seu pai coloque um dinheiro em um lugar que vou determinar. Assim que eu pegar a grana você ficará livre.
Bruno tentou telefonar, mas ninguém atendeu.
- Meu pai está trabalhando e a minha mãe deve ter saído de casa.
- Não faz mal. A gente espera.
A mãe de Felipe, já há algum tempo estava preocupada com ele.
Estava saindo com uns amigos de comportamento duvidoso, chegando tarde em casa,
faltando na escola e ela desconfiava até que ele estivesse usando drogas..
O pai não queria nem ouvir falar nisso. Para ele o filho estava acima de qualquer suspeita:
- Você tem coragem de pensar mal de nosso filho?
- Estou preocupada. Com ele. Só isso.
- Pois fique tranqüila e dê graças a Deus pelo filho maravilhoso que temos.
Quando ele completou dezoito anos tirou a carta de motorista e o pai liberou o carro para ele usar a vontade. E ele começou a passar as noites fora para angustia da mãe..
O pai parecia achar normal o que o filho fazia..
- Coisas de rapaz! Deixe ele se divertir.
Mas, Felipe realmente estava indo por um caminho muito perigoso.
Fez amizade com um grupo de rapazes viciados em droga e de péssimo comportamento;
Já se envolvera em pequenos furtos para comprar droga e os amigos diziam que bom mesmo era seqüestrar uma criança. Os pais ficavam tão nervosos que davam tudo o que se pedia e fechava a boca com medo da represaria.
Fizeram vários planos que não se concretizaram e agora ele tinha resolvido seqüestrar o menino, só que não sabia bem o que fazer com ele.
E se o pai chamar a polícia?
Um frio percorreu-lhe a espinha:
- E se eu for preso?
As horas foram passando.
Bruno tentou mais algumas vezes, mas ninguém atendeu ao telefone na sua casa.
- Você não está com fome?
- Não
- Pois eu estou. Vamos repartir seu farnel? O lanche que as mães arranjam sempre dá para dois.
Acabaram comendo juntos.
Bruno já não sentia medo. O rapaz era muito jovem e não tinha cara de bandido.
Começaram a conversar. Felipe acabou contando que era o primeiro crime que cometia e que o revolver era de brinquedo.
- Uma imitação fajuta que só mesmo um bobinho feito você ia acreditar que fosse uma arma.
Riu, mas o Bruno estava muito sério.
- E você acha que é bom ser bandido?
A palavra "bandido" machucou o Felipe. Protestou:
- Eu não sou bandido!
- Desculpe!
Tirou do bolso um pacotinho e ofereceu ao Bruno:
- Cheire! É muito gostoso!
- Eu não! Isso é droga! Deixa a gente doente e maluca. Às vezes faz até a gente cometer crimes sem querer.
Felipe deu uma gargalhada:
- Você aprendeu bem a lição do Pastor.
- Não foi o Pastor que disse isso. Foi meu pai. Ele disse que se eu visse alguém se drogando, que dissesse isso a ele.
Felipe continuava rindo, mas a atitude do garoto o impressionou, realmente nada de bom o esperava no caminho que escolhera.
Já estava arrependido da sua proeza e com muito medo das conseqüências.
- Vamos fazer um pacto?
- Eu não! Não quero ser um marginal. Quero ser respeitado e viver em liberdade,
- Mas, você não ouviu o que eu ia lhe dizer. É o seguinte, eu levo você embora e você me prometa que não conta nada disto para ninguém.
- E você promete que não cheira mais esse negócio?
- Vou tentar.
- E não vai mais assaltar com esse revolver de mentira?
- Não. De agora em diante vou seu um menino bonzinho do jeito que Mamãe gosta.
Falava com ironia, mas estava realmente convencido de que o caminho do crime não era fácil e já não tinha tanta certeza de que queria continuar por ele.
Sorriu para o Bruno estendendo a mão
- Felipe! Um amigo!
- Bruno!
Quando Bruno chegou em casa a mãe logo percebeu que ele não tinha ido ao passeio.
- Perdi o ônibus e..
Resolveu contar o que tinha acontecido. Prometera ao Felipe que não contaria, mas para a Mamãe, ele precisava contar.
A mãe ouviu o relato e quando ele terminou disse:
- Você está mentindo! Devia escrever historias. mas, agora conte onde você foi, realmente.
Lembrou-se da promessa que fizera ao Felipe, já que a mãe não acreditou no que ele disse, ótimo!
- Fui brincar na casa do Samuel.
- Quem é Samuel
- Um colega
- Na próxima vez, quando quiser ir â casa de um colega tem que pedir permissão.
Ah! E se um desconhecido lhe oferecer carona, não aceite, pois na vida real as coisas nem sempre acabam bem, como na sua história.