Um lugar chamado joão Silva

Rio, 24/02/10

No ano de 1984 na rua Zeferino de Assis morava uma família de treze pessoas. Ningém, se entendia, mas na hora que alguma coisa afetava o outro, todos se uniam em defesa do ente querido. A casa ficava no N° 99, onde residiam duas irmães. Aida Pereira da Silva tinha um único filho criado cheio de vontade. Enquanto Leci Pereira do Carmo somava duas meninas peraltas que lhe enchia de dor de cabeça e davam no que falar.

Aconteceu que um dia, Julio saiu com uma turma de amigos e foram para o bar na rua joão Silva no bairro de Olaria. Encheu a cara e pagou bebida para todo mundo. Comemoravam o jogo do flamengo contra Fluminense:

_ Foi barbada cara, pode apostar.

_ Um lance fora do comun. _ Contava José grande parceiro das noitadas.

De repente, entrou no bar uma moça acompanhada quando Júlio resolveu se engraçar:

_ Olha lá Zezinho... Que pedaço de mal caminho.

O sujeito que acompanhava a moça não gostou do que ouviu e partiu para ignorância:

_ Olha aqui, meu chapa. Não tá vendo que a moça está acompanhada não?

_ Só se eu fosse cego para não ver todo esse tamanhão.

Todos no bar cairam na rizada, parando de olhar para a televisão:

_ Há... Há... Há... Há!

Fora de si o sujeito enorme enfiou-lhe um tapa na cara:

_ Isso não fica assim, em rosto que mamãe beijou ninguém bate.

_ Para com isso Julinho! _ Disse José amenizando a briga que afastou mesas e cadeiras.

_ Você vai me pagar caro!

Saiu enfurecido planejando como destruit o cara que lhe enfiou a mãozada na fuça. No caminho, encontrou um amigo que estava recente na marinha:

_ Como vai Julinho?

_ Muito mal.

_ O que foi isso no seu rosto?

Contou o caso sendo incentivado pelo amigo ajustar as contas. O amigo de Julio lhe deu uma pistola carregada e julio voltou no bar. Por azar dele o cara estava pagando cerveja para todo mundo:

_ Qual é irmão, achou que ia ficar barato.

José levantou assustado:

_ Julinho não brinca com isso pelo amor de Deus, abaixa essa arma.

_ Cala essa boca amigo da onça. Foi só eu virar as costas e você se bandeou pro lado do metido a grandalhão. Agora sim, quero ver até onde vai a valentia dele.

O cara empurrou a cadeira e a namorada levantou gritando:

_ Aaaaaaaa!

O dono do bar chamou a polícia e nem por isso evitou que júlio se atracasse com o sujeito:

_ Parem com isso! _ Gritavam a moça e josé aflitos.

Júlio caiu no chão e pegou o revólver que escapou de suas mãos dando tiro para todos os lados. O tiro acertou o rapaz nas costas, pegou na moça e por fim matou o dono do bar.

Dias depois da ocorrência policial, Júlio foi parar atrás das grades. Dona Aida vendeu suas jóias de família e foi pagar a fiança, já que era réu primário e tinha moradia fixa. Os advogados da família alegaram que estava de cabeça quente e o motivo foi por conta da vergonha de ser esbofeteado em público. Dona Aida mandou Júlio para sua casa em Maricá onde passavam as férias e fim de ano.

Um ano depois, Julio apareceu na rua Zeferino de Assis como se nada tivesse acontecido. Os moradores comentavam da coragem que ele tinha. O sujeito ficou paraplégico em razão do tiro que levou. A moça e o dono do bar morreram no ato. Ninguém supunha que estava sendo planejado um ajuste de contas.

Certo dia, saiu de casa para ir ao baile próximo daquelas redondezas com os amigos de sempre. Muito querido pr todos, naquele dia, brincou com todo mundo. Subiu no pé de manga e distribuiu-as para a criançada da rua e quando a noite caiu, entrou na rua Maruê; vizinha a que morava. Por volta de dez horas da noite viu o carro o seguir atirando. Seus amigos correram e Julio se enfiou numa rua sem saída, transversal a joão Silva. Era um contra cinso. Começou imensa luta e como lutou... Faixa preta no judõ e caratê. Bateu muito e apanhou também, no momento que se sarfou subindo no muro. Naquela rua havia um apartamento e a moradora assistia tudo. Quando subiu no muro para pular para outra rua encheram-o de tiros.

Viu o mundo rodear a sua volta e aos pocos tudo escurecer.

O carro sumiu numa curva e os amigos encontraram o corpo de Júlio estendido no chão. Naquele instante, dona Aida estava na casa da vizinha que morava no Nº 103. Havia pedido para que lesse as cartas em nome de seu filho. A cartomante tirou a carta que falava do aviso de morte. Bateram no portão e quando foram atender, José deu a notícia:

_ Sinto muito dona Aida. Mataram o Julinho.

_ Nãooooooooo!

Isso veio a acontecer no dia 27/09/1985.O enterro foi por volta de cinco horas da tarde no Cemitério de Inhaúma onde a familia possuía um jazigo. Muita gente chorava a morte de Julinho. Entretanto, outros diziam que se ele tivesse pago pelo crime que cometeu, agora estaria vivo.

Onde seu corpo foi encontrado, a mancha do sangue permaneceu por muitos anos apesar dos moradores de vez em quando lavarem o local.

Dayanne

Dyanne
Enviado por Dyanne em 26/02/2010
Código do texto: T2109225