VOCÊ É UM INUTÍL -*
- Lá vem ele.
- Vou ser o primeiro.
- Duvido!
- Você não tem moral. O que você escreve não vale nada.
- Como assim?
- Só serve para, talvez, um mero rascunho. Quando muito.
- Não é bem assim. Vai devagar.
- Quem é que sempre esta em documentos importantes?
- As idéias desses tais documentos passam primeiro por mim.
- Pois bem. Então me diga, não escreva, quem é que sempre fica em pé nesse pedestal dourado e em cima dessa pedra de mármore?
- Você é claro.
- Se nós dois cairmos quem é que vem pra cá de novo?
- Nós! É claro.
- De jeito nenhum. Pra você sair do chão e parar de atrapalhar as baratas, só com muita pena da turma da faxina por achar que você ainda tem alguma utilidade. Caso contrario, fica lá incomodando.
- Você falha e te jogam fora.
- Trocam a minha carga e fico novinha em folha. Quanto a você só vai no apontador. E se cuide se ele sumir e resolverem usar uma peixeira.
- Mas...
- Nada de mas. Olha pra esse meu acabamento acetinado e os detalhes perolados para dar conforto, charme e elegância. Brilho como as grandes estrelas. Agora você não passa de um mero lápis. Até um clipe em aço escovado eu tenho para minha segurança.
- Mas eu tenho a tabuada pintada em mim. Isso é super útil.
- Há,há,há não me faça rir. Meu caro olha ai do seu lado uma calculadora bem perto de você. Se você tivesse pelo menos uma propaganda de uma grande conglomerado internacional poderia talvez, veja bem, talvez! Ter algum valor. Não é seu caso. Lápis, há,há,há,há.
E movimentos rápidos tomam conta do ambiente da sala de reuniões.
- Eu não falei já estão na sala de reuniões. E em breve eu estarei lá bem na cabeceira daquela maravilhosa mesa ou melhor dizendo palco onde brilhara as maravilhosas idéias que fará palpitar os corações de seus defensores.
E mal termina de falar é levada a sala de reuniões, mas antes de sumir de vista ela da uma ultima olhada.
- Eu não falei! Lápis! Há, há, há, há.
E o som da sala de reuniões invadiu o ambiente. Por vezes tenso ou entusiasticamente relaxado e até aplausos se ouvia. Mas o silêncio macabro desfeito por um cochicho indecifrável o deixou tenso. E de súbito a porta se abriu e pode ver a caneta toda torcida e manchada de azul sendo jogada no lixo.
Foi à pior noite de sua vida e quando amanheceu esperava por tudo um estilete ou talvez a peixeira. Era um lápis um mero lápis. Merecia um fim em um apontador, pelo menos.
Quando estava sendo levado para a mesma sala o terror tomou conta de seu corpo o fazendo sentir suar, tremer naquela breve caminhada até a sala de execução da caneta. Desmaiou e quando recobrou a consciência estava pregado confortavelmente longe de apontadores, estilete ou peixeira em um lindo quadro pendurado na parede e ao seu lado pequena placa onde se lia: Esboçando o futuro é que o concretizamos.
DiMiTRi
16/05/09 10:50