Cotidiano na Zona rural
A vida de brasileiro não é fácil!
A rotina começa bem cedo, la pras 5:00 da manhã, quando levanta-se e tem que acordar os filhos para ir á escola.
- Meninus, levanta. Se arruma rápido e vá para escola. Hoje ocês vão de pé.
As crianças acordam, descabeladas, olhos com remelas e boca suja. Vestem a farda, calçam o tênis velho, pegam a mochila rasgada e la se vão a escadinha de D. Maria e o Seu José.
Joseja é a mais velha, tem 14 anos e está na mesma sala que seu irmão Taikson, pois não há outras salas na pequena escola daquela zona rural.
Mas ela não se importa. O bom mesmo é estar estudando.
Pronto, as crianças já se foram.
Agora é a vez de Seu José. Ele pega seu chápeu de palha, põe a camisa de botão que um dia já foi branca e segue a estrada de barro.
Seu José está indo passar a tarde com enxada na mão, cortando lenha debaixo de um sol de 40º. Leva junto com ele uma marmita que D. Maria fez bem cedinho. Não dá para ir em casa almoçar e voltar. São 1:30 de caminhada.
Mas Seu José não reclama, bom mesmo é ter um trabalho para sustentar a familia.
D. Maria fica em casa, passa o dia todo cuidando dos poucos animais que tem.
Cuida da vaca, da galinha e do porco. Na horta ela tem tomate, cebola e couve.
Tem um pé de laranja, um de goiaba e um de jaca.
Aah, a jaca, esse D. Maria cuida como uma filha.
É porque a sua primeira filha faleceu engasgada com um caroço de jaca, sob o pé da mesma fruta.
Para D. Maria, ali está a alma da pequena menina.
Meio-dia, as crianças chegam e já estão esfomiadas. Criança não tem jeito, come a toda hora.
Pode ser rico ou pobre, elas querem é comer quando chegar em casa depois do dia de aula.
D. Maria ver a cara de seus filhos sedentos de fome, mas não pode fazer nada. O pouco de comida que restara Seu josé levou.
O jeito vai ser improvisar. Foi no fundo da casa pegar ovos, mas a galinha ainda tinha colocado, o leite da vaca secou de tanta fome, o porco era muito magro. Não era epoca de laranja e nem goiaba.
Sobrou-lhe apenas a jaca.
Passaram o dia comendo jaca. Mas D. Maria não reclama, bom mesmo é ter uma família.
A noite chega Seu José, traz nas mãos 4 pães duros que seu patrão lhe entregou apenas para não jogar no lixo. É pecado joga pão no lixo.
As crianças logo correm para devorar o pão que mais parecia pedra. D. Maria logo diz:
- Mininus, tomei um copo de água que é pra mó de inchar ocês tudo e não doer a barriga mais tardi.
Eles fazem como a mãe falou.
Seu José pega seu charuto, senta-se á porta e fica a olhar o céu, D. Maria vai costurar e as crianças brincam no quintal.
Mais tarde todos dormem o sono dos justos. Eles não sabem se amanhã terá o pão duro para matar-lhe a fome, mas não reclamam...
Bom mesmo é ter saúde para viver.