peças que a vida nos prega

<parte 18 >
10/02/2010


Dar conselhos é uma coisa! Agora, querer manipular a vida de outrem é um mal muito grande...
Mas existem pessoas, pais, irmãos mais velhos, sogras ou sogros que são “donos” em fazer estas coisas... Digo isso, porque sou conhecedora de um caso, cujos pais, não deixam o filho separar-se da esposa, pela qual já não sente mais amor nem atração e, (isto acontece na vida de qualquer “cristão”, todos nos sabemos) vivem se desentendendo diante da filhinha...
E, eu pergunto:_Que culpa tem esta criança para viver num ambiente destes? E seus pais, jovens ainda, podendo cada um refazer a sua vida, sendo privados deste direito?
Santa Ignorância!!
Bem, isso teria sido somente um desabafo, vamos prosseguir no que nos é mais importante.
Nossos amigos por fim se encontraram, não pessoalmente é claro! Porque para eles, o que importa é saber, tanto um, como o outro, que estão vivos e com saúde... Sabem tudo agora, um do outro... As mensagens e telefonemas correm soltos... Mas, os dois como pessoas maduras e responsáveis, sabem que cada qual tem o seu compromisso á respeitar e cumprir. Mas o sentimento é o mesmo de sempre... Nesta idade, não é necessariamente preciso estar juntos para saber que se amam...
E, aqui vai uma das últimas mensagens por ele, enviada á ela, escolhida, me parece, com muito amor e carinho:



O desaparecido

Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim. Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico.
Olho-me no espelho e percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um desaparecido que a família procura em vão.
Sim eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou o irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais nunca, mas só tu sabes que em alguma distante esquina de uma não lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti, pensando teimosamente, docemente em ti meu amor!
(de: Rubem Braga)


FIM



Zelia C Silva
Enviado por Zelia C Silva em 10/02/2010
Reeditado em 17/05/2012
Código do texto: T2080098
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