A àgua da cigarra

A água da cigarra (conto) 07/02/2010


Este ano não viriam passar o Natal e Ano Novo com a vovó! Ele escutara a conversa da mamãe ao telefone...
_Sofia, sabe que não iremos ver a vovó e o vovô neste Natal?
_Ah! Não! (ela sempre usa esta expressão quando não está contente com algo)
Ficaram tristes, mas fazer o que? A mamãe falou ta falado!
Estavam cuidando da mudança. Tinham muito que fazer. Com a compra da casa nova, não sobraria tempo para quase nada... Era fazer orçamento disso, daquilo, atender ás pessoas. E os gastos então? Não! Não iria dar!
Deveriam conformar-se, mais tarde, ou ali pelo meio do ano, o mais tardar, iriam fazer uma visita aos vovós.
Hum! Mas a vontade era tanta! Esta época era a mais esperada por eles, ficar alguns dias com o vovô e a vovò. _Ele é tão legal, brinca tanto com a gente!
Mais tarde a vovó ligou, lembrando á filha que, nesta época de fim de ano, não se faz quase nada! As pessoas estão mesmo é pensando nas festas! Comprometem-se com algum serviço, mas em cima da hora o adiam, remarcando...
_Poderiam arrepender-se não vindo e, estariam perdendo momentos maravilhosos juntos!
Mas a filha estava irredutível. _Não mamãe! Não vejo a hora de estar com tudo isso pronto e sossegar... _Estou cansada com tanto compromisso!
_Está bem! Disse vovó, então não iremos ficar aqui sozinhos, vamos passar o Natal em algum hotel.
Escolheriam um que ficasse mais próximo, para que o vovô não tivesse que dirigir por estradas perigosas...
Reservara no Monthez, hotel muito bonito e de muito conforto! Ficava em Brusque, cidade a poucos km de onde moravam.
A recepcionista dera todas as informações: piscinas, quente e fria, haveria, na noite de Natal, a ceia é claro! Entrega dos presentes pelas mãos de uma pessoa vestida a caráter. Iria ser ótimo! Pena que as crianças não estariam... Mas...
Iria comunicar á filha, se precisassem de algo, saberia onde encontrá-los.
_Alô! Oi filha! Tudo bem?
Contou-lhe tudo, como seria o Natal para eles... (vovós sempre sabem como fazer estas coisas...)
De pronto veio a resposta: Ah! Mamãe! Se for assim, queremos ir também! (havia pensado muito no que a mãe lhe dissera com respeito ao atendimento das firmas, nesta época...) Acho que iria mesmo se arrepender se não fosse passar o Natal todos juntos...
Então ficou combinado, a vovó iria ver se haveria mais lugar no hotel. Reservaria para eles também! Assim no dia 24 encontrar-se-iam lá. Eles, vindo de São Paulo e, os vovós indo de Floripa...
Feito! Tiveram sorte! Tudo preparado.
Faltavam alguns dias para a data marcada. Todos muito anciosos...
João e Sofia, contavam nos dedos, quase todos os dias ligavam pra vovó. _Tá chegando o dia hem vovó? Falta pouco 3...2...1!
Chegou o tão esperado dia! Vovó e vovô acordaram bem cedo!
Ajeitaram tudo no carro, malas, sacolas, presentes e, uma aguinha gelada para tomar pelo caminho, pois fazia muito calor.
Seguiram eles, rumo a Brusque, foram ali por dentro. Tijucas, Canelinha, São João Batista, N.S. da Azambuja e, por fim, Brusque!
Chegariam antes dos netos, que estavam vindo de São Paulo, pois obviamente a distância sendo maior e, dependendo do horário da saída de São Paulo. Levariam mais tempo!
Mas neste meio tempo a filha liga: _ Mamãe, já estamos a caminho, logo mais estaremos aí, se Deus quiser! Vocês se importariam de trocar de apartamento conosco?
Fique com o nosso mamãe, faça uma troca, o João e a Sofia, querem dormir com vocês... (isso acontece sempre, quando visitam os vovòs, dizem querer matar a saudade, dormindo em seu quarto). E o casal, mais jovem, querendo desfrutar mais sossegadamente do conforto do hotel e, aproveitando também, para “namorar” um pouco, pois a vida, em São Paulo, para os dois é muito corrida. Querendo assim, aproveitar mais, aqueles momentos a sós..
A idéia das crianças fora ótima!
A vovó e o vovô ajeitaram tudo com a recepcionista do hotel e, ficaram á espera ali mesmo no saguão, lendo jornais e revistas para passar o tempo.
Não demorou muito e:_ Olha eles! Chegaram!
Abraços e mais abraços! A saudade era imensa!
_Vovó, vamos dormir com vocês!_Vamos ficar no mesmo quarto!(como se a vovó não soubesse...) Mas a vovó lhes adverte: Sabem que a vovó “ronca” durante o sono hem!
Chegou à noite e, o papai Noel apareceu carregado de presentes... Foi chamando pelas crianças, uma a uma. Seus olhinhos, comparados com as estrelinhas lá do céu, cheias de brilho, era pouco... Piscavam sem sessar!
Logo mais viera a ceia de Natal, adultos e crianças divertiam-se a valer, as crianças, cada uma, com seu novo brinquedo.
Foi uma comemoração muito bonita!
No outro dia, café da manhã, delicioso! E, logo mais, piscina! He! He! He!
Era tudo o que queriam!
Heis que, chegando á piscina, a criançada vinda de uma a uma com aquelas carinhas de sono ainda... João Ricardo grita: Gente! Olha só, uma cigarra! Ela está morta! Venha vêr Sofia, ela é minha, fui eu quem a vi primeiro! _ Tá bom, disse Sofia, eu só quero ver oh!
E, brincaram com o inseto, que era muito bonito, de um azul prateado, que cintilava á luz do sol, que estava maravilhoso naquele dia...
Aquela fora a diversão maior, durante quase todo o dia.
Alguém deu a idéia. _Vamos fazer seu enterro?
Mas não! João queria mesmo era ficar olhando para aquele bichinho. _Tão bonito dizia ele! _ Uma pena morrer assim!
Mas quando chegou á noite, João, para exercer seus direitos de dono, colocou o corpinho inerte do inseto dentro de uma garrafinha pet, dessas de água, encheu-a até pela metade e levou-a para o quarto...
A vovò acostumada a levantar-se á noite para fazer o seu pipi e, tomar um golinho d’água... Achou que o vovô teria deixado ali, aquela garrafinha para que ficasse mais á mão para ela e, também para que não bebesse água muito gelada.
E... Deu o primeiro gole, quando estava no segundo, notou um gosto ruim, levantou a garrafinha mais ao alto e á claridade, e viu: Aquele “bichinho” azul, brilhando lá dentro... Olhou para a cama em que dormia o neto, e viu, aquele anjo e pensou: Meu Deus! Como podes dar-me presente tão precioso e sapeca assim? E riu, riu sozinha ali na penumbra daquele quarto de hotel...
O dia amanheceu... E, vovó começou a contar o fato á eles. João arregalou seus lindos olhos... Só pensava no que a mamãe haveria de dizer... Estava quase certo de que levaria “aquela” bronca...
Mas o vovô o acalmou e brincando lhe disse: Não se preocupe João! Foi nada não! O máximo que pode acontecer, é a vovò sair cantando como uma cigarra por aí...
Vira a Sofia e diz baixinho no ouvido do João:_ Chiiii! João! A vovó já ronca á noite! Já pensou se passa a cantar como a cigarra, durante o dia?




ZCS.
Zelia C Silva
Enviado por Zelia C Silva em 07/02/2010
Reeditado em 18/08/2011
Código do texto: T2074234
Classificação de conteúdo: seguro
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