Reflexões de um assassino
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Reflexões de um assassino
Entrei no meu apartamento aquela noite. Estava tudo escuro. Não acendi as lâmpadas para não sujar a parede com o sangue que manchava as minhas mãos. No escuro, o sangue não é vermelho, ele é negro. A janela entreaberta deixava entrar um pouco de luz naquele apartamento… era tudo o que eu precisava para começar a refletir, mas eu não queria refletir. Fui ao banheiro para tirar aquilo de mim, aquele ácido que corria nas minhas mãos, aquele cheiro que impregnava as minhas narinas, aquele cheiro de metal enferrujado…
A porta do banheiro estava semi-aberta, o azulejo acinzentado refletia a luz da janelinha do box. A pia era branca, mas não naquele instante. Minhas mãos lambuzaram a torneira e a água fluiu e eu enfiei minhas mãos debaixo dela. Esfreguei uma na outra com raiva até quase arrancar a minha própria pele.
Fechei a torneira e, com a toalha, a enxuguei. Aquela toalha estava suja, a quanto tempo eu não a lavava? Aquele banheiro devia estar todo sujo, mas eu não enxergava, pois estava tudo escuro.
Na sala, sentei no sofá, a sombra da cortina balançando com o vento guiavam os meus olhos de um lado para o outro, mas minha mente nada via. Por que tinha que ser assim? Não sei. Eu não quis saber aquele dia. Eu só queria fechar os olhos e desaparecer.
Então eu levante e fui até o meu quarto. O chão de taco rangia a cada passo que eu dava. O quarto estava iluminado pela luz da cidade. A cama ainda estava arrumada. Fui até ela, sentei. Deitei e olhei o teto. Por um minuto inteiro fiquei perdido nos movimentos das sombras formadas pelos faróis dos carros que passavam nas ruas lá embaixo. Eu só queria desaparecer. Fechei os olhos.
Toc-toc.
“Ah! Não! São eles!” Foi tudo o que pensei. E deixei os meus olhos fechados.