A ESTRELA E O POETA

Giorgierena Grunnupp parou diante da estátua do homem de ferro. Poderia cumprimentá-lo em qualquer um dos nove idiomas que fala, mas preferiu dizer em Português: “Ele é poeta. Eu faço rimas”.

Maravilha! Elke acaricia a cabeça do poeta de bronze, no calçadão de Copacabana... Há quanto tempo se conhecem: o Poeta e a Estrela?

A Rosa do Povo nasceu em 1945. Também nasceram em 1945 a Rosa de Hiroshima e a Estrela de Leningrado.

A Estrela morou em Itabira...faz tanto tempo, tanto tempo... tinha apenas seis anos, quando aportou em Itabira!

O poeta conversa abertamente. Elke faz-se estátua para ouvi-lo e até se senta ao lado dele:

“Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia(...) As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam”.

Não há guarda-chuva contra o amor que castiga João Cabral. A boca de Cyro é a mesma boca que beija e que cospe como qualquer boca.

Não há guarda-chuva contra as intempéries do mundo. Não há guarda-chuva contra o mundo que tritura as quatro estações da vida...

Não há guarda-chuva contra pombos que sacodem as penas do leme sobre a cabeça do poeta...

A estrela foge apressada de uma nuvem de pombos. O assistente desliga a câmera. Sonolento, o sol fecha suas pálpebras. Espectros bruxuleantes vagueiam. Vermes noturnos passeiam na orla. É noite em Copacabana.