O ESPÍRITO DE NATAL

Chegou enfim a noite de Natal.

A casa muito arrumada. Enfeites natalinos brilhavam pela sala e por toda a parte externa da casa. Uma música suave preenchia todo o ambiente e as crianças alegres corriam e gritavam de alegria, pois esperavam com ansiedade a chegada do Papai Noel. Os convidados iam chegando carregados de embrulhos e presentes para participarem da brincadeira do Amigo Oculto. No centro da sala, uma enorme mesa ornada com uma fina toalha de renda, exibia as travessas enfeitadas com as mais diversas iguarias natalinas e no centro desta mesa, um riquíssimo arranjo de flores deixava a decoração mais bonita.

Os anfitriões recebiam com um sorriso nos lábios, e todos que chegavam ganhavam uma lembrança feita especialmente para aquele dia: uma vela vermelha para ser acesa à meia noite, na hora da oração, antes da ceia.

Carlos e Marilda, os donos da casa, apesar de felizes, tinham uma preocupação: Maurício e Edson, seus dois filhos, haviam brigado e não se falavam havia algum tempo. Desde que Edson se casou, Maurício não teve mais notícias dele, já que a briga que houve entre os dois, fez com que eles se afastassem, ficando por muito tempo sem se verem, pois, Edson mudou-se até de cidade, deixando Carlos e Marilda, seus pais, tristes durante muitos anos.

Hoje enfim, estariam novamente juntos, pois Edson voltou e quis passar o Natal na casa de seus pais, que ficaram felizes, mas ao mesmo tempo apreensivos, pois sabiam dos gênios dos seus dois filhos.

Durante todo o começo da festa, os dois irmãos pareciam não se conhecerem. Nenhum dos dois queria “dar o braço a torcer”, e por isso, permaneciam sem se olhar.

Ao aproximar-se a hora da ceia, faltavam somente quinze minutos para a meia noite, D. Marilda pediu a atenção de todos e num impulso começou a falar sobre a importância da união na família. Suas palavras saiam como uma canção, seus olhos olhavam para os olhos de seus filhos como se vissem suas almas através de seus olhos. No círculo que se formou em volta da mesa, com todos de mãos dadas, parecia haver uma luz que conduzia suas palavras diretas aos corações de seus filhos e, sem saber por que, Maurício, num repente largou suas mãos da pessoa que estava ao seu lado e dirigiu-se para seu irmão que estava à sua frente e, sem uma palavra, os dois se abraçaram e nesse instante se desenhou para todos, naquela hora, o verdadeiro ESPÍRITO DE NATAL.

Todos acenderam as velas e o Natal começou ali.

(Lenir MMoura)