A LUTADORA

Nasceu no mês de outubro, no ano de 1972, seu nome começa com A. (assim a chamaremos senhora A.), a 1ª letra do alfabeto seu sobrenome não importa, sua sina é lutar e vencer, vencer sempre.

Quando era criança acompanhava a irmã mais velha que ela um ano, escondido da mãe, ia a escola e lá aprendeu primeiro que a irmã a ler e a escrever.

A mãe quando descobriu a arte, ela já era o xodó da professora.

A escola então aceitou a matricula precoce daquela menina.

Viveu muitas folias e artes, quando a conhecemos ela já estava na adolescência e era uma fase rebelde de sua vida.

Papai sempre dizia: “_ Diga com quem tu andas que eu direi quem tu és!” Esse conselho não fazia muito a minha cabeça, pois sempre andei com aqueles que falassem ao meu coração.

Essa nossa amiga senhora A. estava sempre conosco. Ela foi expulsa de casa e não demorou em conseguir um canto para morar.

Banho, às vezes tomava lá em casa.

E um dia me disse que o conselho de meu pai era verdadeiro e completou assim: “_ Eu graça a companhia de vocês me tornei uma pessoa de bem!” Essa declaração eu levaria para a vida inteira, uma das maiores lições de amor que a senhora A. me concedeu em vida, a de que todos nós podemos influenciar alguém, para o bem ou para o mal – e isso é uma lição de mestre para aprendiz, que é o que eu sempre fui.

Dizer que adoro a senhora A. é pouco, porque a verdade é que a amo muito como a uma irmã e a admiro demais.

Ela morava só, num grilo, a porta de sua casa não tinha tranca e vivia aberta, durante a noite ela punha escorras, ela recolhia água da chuva para realizar a limpeza da casa, lavar roupas, cozinhar e até para banhar.

Quando perguntada se tinha medo de ser assaltada respondia:

_ Ele vão levar o que de mim?

Na escola, durante o 2º grau, uma colega vivia dizendo que ela não teria futuro.

No vestibular os sem futuros da sala passaram todos, e os de muito futuro como imaginavam alguns tiveram que peitar escolas particulares para garantir os diplomas, numa época em que para entrar nestas universidades a senha era: DINHEIRO!

Ela cursou Educação Física na Universidade Federal e no meio do caminho ganhou companhia, sua filha, uma linda menininha que nasceu de parto natural.

Mãe solteira, não desistiu, levava a filha de ônibus para a universidade pública, numa época em que estar em uma significava superar grandes desafios e uma boa concorrência.

Formou-se, prestou concurso e passou.

Construiu sua casa boa, comprou seu 1º carro zero, viajou, teve seu 2º filho, não se casou, continuou só, mas feliz.

Outro concurso, nova vitória.

Hoje luta para vencer a fase de rebeldia sem causa da filha, ninguém tem dúvidas que irá vencer.

No seu trabalho é modelo de dedicação e amor, me lembro dela envolvida em um projeto para atrair jovem a pratica de esporte, projeto mais tarde copiado e apresentado por um político, pensam que ela se importou, brigou, ou requereu os direitos autorais, nada disso ela simplesmente achou bom ver a idéia ampliada por quem no momento tinha mais condições que ela de opter sucesso, porque tinha mais recursos.

Seu sobrenome é Lutadora, guerreira, exemplo para muitos e inclusive para mim.

Outro detalhe, seu carro vive a disposição de amigos, parentes, conhecidos e muitas vezes estranhos. Leva gente para os hospitais, serve de transporte para crianças de amigos, que estudam em colégios próximos ao seu caminho, serve de transporte quando precisamos que alguém leve alimentos a famílias carentes.

Esse é um pequeno retrato de uma pessoa que transformou todas as adversidades da vida a seu favor.

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Se a vida lhe der limões, faça limonada! Essa é a frase que define bem a senhora A., essa história serve de inspiração para todos nós que às vezes encontramos pedras no caminho e ficamos sem saber o que fazer, pois façamos como a nossa irmã – continuemos em frente, com fé, força e coragem.

Deus sempre nos proporciona a oportunidade de conhecermos essas pessoas notáveis para mudarmos algo em nós mesmos.

Aproveitemos...