FALAR DE AMOR É DIFERENTE DE SENTIR
Um grande palestrante da Seara Espírita contou em um seminário uma história de como aprendemos a lição, como falamos da lição e quão longe estamos de sentir a lição.
Certo dia um amigo de mais de 20 anos da Seara Espírita foi lhe visitar em casa, passando com ele o dia.
Durante todo o dia o amigo ficou a observar Maria a empregada da casa.
Quando o relógio anunciou em suas badaladas 2:00 horas da tarde, Maria adentrou o escritório para informar o patrão que já ia.
Eles se despediram e assim que Maria saiu o amigo, pediu permissão para falar e foi logo dizendo:
_ Meio porca essa tua empregada! Acaso nunca reparaste em suas unhas?
O palestrante então fitando-o nos olhos lhe perguntou:
_ Acaso, conheces Maria? Já conviveu com ela? Conheces sua história?
A cada pergunta recebia como resposta um sonoro: _ Não!
Ele então lhe disse: _ Vou lhe contar a história de Maria. E então começou:
_ Ela sai daqui de casa as 2:00 h da tarde, depois de fazer todas as obrigações da casa.
Caminha até a estação, aquela lá em baixo, leva mais ou menos uma hora de caminhada rápida. Lá ela pega o ônibus, e desce no final da estação, caminha mais ou menos uns 45 minutos e pega o trem, ao descer do trem já é quase 6:00 horas da tarde, então ela caminha mais 30 minutos e chega em casa.
Lá não tem água, se ela quiser lavar, tomar banho, limpar, precisa andar mais 30 minutos empurrando um carrinho de mão levando uns quatro garrafões para encher na bica. Enche-os e volta. Leva mais 30 minutos da bica até em casa.
De volta em casa: limpa, lava as louças junto com os dois filhos, prepara a janta, jantam, tomam banho fazem as preces e deitam. Quando tem de lavar roupa, leva as roupas até a bica, lava lá e desce com elas em um balde, estende dentro de casa para que irmãos mais necessitados que ela não as levem embora.
Você pode estar pensando como lava as roupas no escuro, ela leva velas e os filhos ficam segurando para ela, agora ela leva a lanterna que eu lhe dei.
Para estar aqui as 8:00 h da manhã acorda às 4:00 horas da madrugada. Na verdade acorda muito antes disso, pois costuma fazer o café para deixar aos filhos, antes de sair vai atè o quarto e beija cada um deles e lhes fazem prometer que irão a aula naquele dia.
E assim ela caminha até a estação de trem, pega o trem desce e caminha até a estação de ônibus, pega-o, desce na estação próxima daqui e caminha até aqui em casa e pontualmente as 8:00 horas da manhã ela se encontra aqui.
Essa é a história da vida de nossa porca irmã Maria, meu amigo.
Neste momento o irmão de Seara estava sem palavras.
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Há espíritas que falam bem sobre o amor, sobre a caridade, mas que não sentem, estão anestesiados.
Se quiser educar, eu devo criar condições de mudança para as pessoas que vivem a minha volta.
É preciso conviver para amar verdadeiramente, e como conviver sem conhecer o outro, a sua história, a sua vida.
Para contar uma história de amor basta ter boa memória e uma boa oratória, para viver o amor é preciso tempo, dedicação e acima de tudo conhecimento da história do outro.
O convite está feito, mas a resposta é sempre sua!