O que é a vida?
A vida seguia um rumo que eu não entendia. Os dias passavam lentamente, mas o gosto pela arte de escrever era mais forte que a depressão que parecia ser uma desculpa para me refugiar em um mundo particular. Pensava que a poesia seria um suporte, ou seja, uma válvula de escape que poderia resolver meus problemas, minhas aflições, ou mesmo, meus medos que, por vezes, eu não sabia de onde vinham. O dia nasceu belo numa manhã de outono e minha mulher despertou alegre. Ela dizia:
- Marcelo, o dia está lindo hoje!
Cercado de emoções que pareciam aflorar devido a intensa magia, e o saboroso convite de desfrutar a vida, senti que devia me movimentar, mas o exercício seria explorar meu intelecto. Meu corpo sempre esteve na corda bamba como o de qualquer pessoa, e algo me dizia que a casa de alguém é refúgio nas horas em que a dúvida paira nos corações humanos.
- Marcelo, notaste como a natureza é sábia. O joão de barro, por exemplo, faz com perfeição a sua casa para morar – observava minha mulher.
Aquilo tudo me pareciam observações sensatas, mas... e a vida? O que é a vida senão a procura da segurança, da alegria, do bem-estar? – perguntava eu a mim mesmo.
Os dias se passavam e eu notava cada vez mais inspirações para escrever. Lembrava-me de Quintana que, como diziam, escrevia para respirar.
Mas, também me lembrava de kafka e sua “Metamorfose”, pois era funcionário público desde os tempos da juventude. Tudo aquilo me veio a entender que seria um escritor, pois as explicações para viver eu não tinha e as letras eram formas de tentar absorver o pulsar do dia a dia, na certeza de que cada um escolhe o seu caminho.