o susto
O susto
Esta é uma história verídica, vou contá-la a vocês porque é dramática, interessante e ao mesmo tempo engraçada, aconteceu comigo...
Eu, ainda uma criança de quatro anos mais ou menos, não entendia nada da vida, mas gostava de acompanhar meus irmãos, Thomas e Ary, numa missão que minha mãe atribuira a eles: todos os dias, levar nossa cabritinha, bichinho de estimação que dava o seu leite para o nosso sustento, para pastar num terreno baldio existente nas imediações de nossa casa.
Sendo assim, acordava bem cedinho para poder presenciar a ordenha da mesma, feita pelas mãos hábeis e carinhosas de mamãe. E, assim que isso era feito, mamãe nos servia o café da manhã e, de imediato meus irmãos, sabendo da obrigação que lhes era determinada, pegavam o laço, colocavam no pescoço da nossa amiguinha e partiam eles morro abaixo, levando o animal para o pasto, onde ficaria até a próxima ordenha que seria ali por volta das dezesseis horas, quando nossos estômagos de crianças já pediam mais uma refeição...
Éramos muito pobres, morávamos numa casa muito humilde, no alto de um morro, conhecido pelo nome de “serrinha”, numa pequenina cidade de minas gerais, São Thomas de Aquino. Papai trabalhava como carroceiro, naquela época se chamava assim, a pessoa que transportava na carroça, coisas e objetos, ás vezes até mesmo terra, esterco para a lavoura, produtos que uma pessoa não pudesse transportar com seus dois braços. Com esse trabalho ganhava muito pouco, e esse era um dos motivos pelo qual teríamos que cuidar muito bem da nossa cabritinha, pois era ela quem colaborava com parte da nossa alimentação todos os dias.
Mamãe era dona de casa, naquele tempo as mulheres não podiam trabalhar fora, era muito poucas as que estudavam e, as que tinham esta sorte, formavam-se na maioria das vezes, professora. Profissão esta, que era do maior respeito, eram pra nós, crianças, quase que a nossa segunda mãe e as respeitávamos muito!
E um belo dia, no cumprimento de seus deveres, meus irmãos como de costume, desciam o morro puxando nossa amiguinha para o pasto. Mamãe enquanto isto cuidava dos afazeres da casa, varria, tirava o pó, e etc.
E eu, como menina sapeca que era aproveitando de um pequeno descuido de mamãe, vesti ás pressas meu vestido vermelho, do qual gostava muito e saí correndo para alcançar os meninos. Mamãe não gostava que eu os acompanhasse, pois era ainda muito pequena e não tinha como me defender se algo de ruim me acontecesse e, lá no pasto, costumavam pastar também alguns animais de propriedade de nossos vizinhos, cabras, ovelhas, vacas e bois...
Existe um dito popular que diz que a cor vermelha atrai a vaca ou o touro. Mas isto é apenas um mito... O animal é atraído pelo movimento que faz o objeto que tem a cor vermelha ou qualquer outra cor, o roxo, por exemplo.
No meu caso, eu estava vestindo o meu gracioso vestido vermelho, com pequeninas bolinhas brancas, e corria como uma lebre quando foge de seu predador, este movimento faz com que, uma “senhora” vaca que pastava distraidamente perceba a minha presença, chamando assim sua atenção. Investiu contra mim com toda a sua fúria e, deu-se o ataque!
Ela resfolegava furiosamente e me rolava com seus enormes e mortais chifres que chegavam a enterrar-se no chão, trazendo-me de lá para cá, sem dó nem piedade. Eu sentia o seu “bufar”, furioso e quente, ás vezes bem perto do meu rosto, momentos dos quais me lembro e chego a senti-los até hoje... Eu então gritava e me desesperava loucamente, arrependida por desrespeitar as ordens de mamãe, tentando fugir daquele momento cruciante e desesperador em que me encontrava.
Meus irmãos corriam de lá pra cá, sem saber o que fazer, enquanto isso mamãe que, acabando de fazer a limpeza no interior da nossa pequenina e simples casinha, saiu para varrer a parte da frente e, qual não fora sua surpresa e terror, quando viu aquela pequenina “coisa” vermelha rolando entre os chifres de uma enorme e furiosa vaca? Não titubeou nem por um momento, tirou seus tamancos, correu morro abaixo, e com a vassoura que tinha nas mãos, tentava inutilmente, fazer com que aquele animal furioso se afastasse. Mas qual, a vaca não arredava por nada, ficando cada vez mais furiosa. Foi quando ouvindo todo aquele barulho, um vizinho, dono do animal se aproximou e, chamando pelo seu nome conseguiu tirar-me debaixo daquele monstro que por um triz não acabava com minha vida...
Tive muita sorte... Por ser muito pequena e magrinha, ficava sempre entre seus chifres em cada volta que ela me dava, não resultando daí nenhum mal maior. Mas o susto foi muito grande, lembro-me que mamãe me acolheu em seus braços e correu ladeira acima tentando me acalmar. E eu chorava e chorava...e
O susto
Esta é uma história verídica, vou contá-la a vocês porque é dramática, interessante e ao mesmo tempo engraçada, aconteceu comigo...
Eu, ainda uma criança de quatro anos mais ou menos, não entendia nada da vida, mas gostava de acompanhar meus irmãos, Thomas e Ary, numa missão que minha mãe atribuira a eles: todos os dias, levar nossa cabritinha, bichinho de estimação que dava o seu leite para o nosso sustento, para pastar num terreno baldio existente nas imediações de nossa casa.
Sendo assim, acordava bem cedinho para poder presenciar a ordenha da mesma, feita pelas mãos hábeis e carinhosas de mamãe. E, assim que isso era feito, mamãe nos servia o café da manhã e, de imediato meus irmãos, sabendo da obrigação que lhes era determinada, pegavam o laço, colocavam no pescoço da nossa amiguinha e partiam eles morro abaixo, levando o animal para o pasto, onde ficaria até a próxima ordenha que seria ali por volta das dezesseis horas, quando nossos estômagos de crianças já pediam mais uma refeição...
Éramos muito pobres, morávamos numa casa muito humilde, no alto de um morro, conhecido pelo nome de “serrinha”, numa pequenina cidade de minas gerais, São Thomas de Aquino. Papai trabalhava como carroceiro, naquela época se chamava assim, a pessoa que transportava na carroça, coisas e objetos, ás vezes até mesmo terra, esterco para a lavoura, produtos que uma pessoa não pudesse transportar com seus dois braços. Com esse trabalho ganhava muito pouco, e esse era um dos motivos pelo qual teríamos que cuidar muito bem da nossa cabritinha, pois era ela quem colaborava com parte da nossa alimentação todos os dias.
Mamãe era dona de casa, naquele tempo as mulheres não podiam trabalhar fora, era muito poucas as que estudavam e, as que tinham esta sorte, formavam-se na maioria das vezes, professora. Profissão esta, que era do maior respeito, eram pra nós, crianças, quase que a nossa segunda mãe e as respeitávamos muito!
E um belo dia, no cumprimento de seus deveres, meus irmãos como de costume, desciam o morro puxando nossa amiguinha para o pasto. Mamãe enquanto isto cuidava dos afazeres da casa, varria, tirava o pó, e etc.
E eu, como menina sapeca que era aproveitando de um pequeno descuido de mamãe, vesti ás pressas meu vestido vermelho, do qual gostava muito e saí correndo para alcançar os meninos. Mamãe não gostava que eu os acompanhasse, pois era ainda muito pequena e não tinha como me defender se algo de ruim me acontecesse e, lá no pasto, costumavam pastar também alguns animais de propriedade de nossos vizinhos, cabras, ovelhas, vacas e bois...
Existe um dito popular que diz que a cor vermelha atrai a vaca ou o touro. Mas isto é apenas um mito... O animal é atraído pelo movimento que faz o objeto que tem a cor vermelha ou qualquer outra cor, o roxo, por exemplo.
No meu caso, eu estava vestindo o meu gracioso vestido vermelho, com pequeninas bolinhas brancas, e corria como uma lebre quando foge de seu predador, este movimento faz com que, uma “senhora” vaca que pastava distraidamente perceba a minha presença, chamando assim sua atenção. Investiu contra mim com toda a sua fúria e, deu-se o ataque!
Ela resfolegava furiosamente e me rolava com seus enormes e mortais chifres que chegavam a enterrar-se no chão, trazendo-me de lá para cá, sem dó nem piedade. Eu sentia o seu “bufar”, furioso e quente, ás vezes bem perto do meu rosto, momentos dos quais me lembro e chego a senti-los até hoje... Eu então gritava e me desesperava loucamente, arrependida por desrespeitar as ordens de mamãe, tentando fugir daquele momento cruciante e desesperador em que me encontrava.
Meus irmãos corriam de lá pra cá, sem saber o que fazer, enquanto isso mamãe que, acabando de fazer a limpeza no interior da nossa pequenina e simples casinha, saiu para varrer a parte da frente e, qual não fora sua surpresa e terror, quando viu aquela pequenina “coisa” vermelha rolando entre os chifres de uma enorme e furiosa vaca? Não titubeou nem por um momento, tirou seus tamancos, correu morro abaixo, e com a vassoura que tinha nas mãos, tentava inutilmente, fazer com que aquele animal furioso se afastasse. Mas qual, a vaca não arredava por nada, ficando cada vez mais furiosa. Foi quando ouvindo todo aquele barulho, um vizinho, dono do animal se aproximou e, chamando pelo seu nome conseguiu tirar-me debaixo daquele monstro que por um triz não acabava com minha vida...
Tive muita sorte... Por ser muito pequena e magrinha, ficava sempre entre seus chifres em cada volta que ela me dava, não resultando daí nenhum mal maior. Mas o susto foi muito grande, lembro-me que mamãe me acolheu em seus braços e correu ladeira acima tentando me acalmar. E eu chorava e chorava...e