Ao som desse bolero, vida vamos nós...

Passou muitos anos de sua vida achando que o “juntos para sempre” duraria mesmo a vida toda. Cuidava dos filhos, da casa e de seu companheiro fazendo disso a tarefa definitiva de sua vida.

Até que um dia seu mundo caiu. Soube que tanta devoção era só de sua parte quando viu seu sonho sendo destruído por desrespeito, maus tratos, ofensas, desatenção, desamor...

Avaliou a situação e demarcou seu terreno. Por absoluta falta de opção permaneceria na casa, porém seu “companheiro” agora entraria para a categoria de “ex” mesmo morando ali, já que não queria sair e nem ela poderia.

Avaliou também que não sobrara sentimento bom que não houvesse sido remexido e que os maus afloravam feito erva daninha em canteiro de jardim, mas precisava se curar, pois não era do tipo rancoroso. Esperaria o tempo que fosse necessário.

Voltou a trabalhar fora e a estudar e o mundo passou a ter outro sentido. Aprendeu muitas lições, principalmente a lição do amor e do respeito a si própria. Aprendeu a tomar as rédeas da sua vida, a observar e se expressar, com quem quer que seja, a partir do sentimento construído na relação cotidiana.

O tempo, senhor de todos os destinos, reinstalou a paz naquela família, restabeleceu o convívio ameno. E ela aprendeu mais uma lição: o tempo conserta muitas coisas, faz cicatrizar muitas feridas, retoma percursos de convívio, porém jamais restaura um amor feito em pedaços.

Da série : Histórias de vida de mulheres comuns