Cores

Olho a minha volta relembrando bons e maus momentos, enxergando as mudanças de uma realidade que já não existe mais. Andando sobre essa nova realidade, pisando num solo duro e não mais macio como barro pisado, observo num canto onde havia um pé de pitanga cheio de vida, onde subíamos para desfrutar de sua natureza, e me deparo com tijolos quebrados e sem vida... O verde esperança e o amarelo alegria deram lugar ao marrom tristeza e cinza desigualdade. As cores dizem muito sobre as diferenças de realidades, sinto falta das cores fortes e vivas, que nos trazia a liberdade de sonhar. Sonhos simples, ingênuos, puros. Não havia malícia, não havia arrogância... Nossos sonhos não se colidiam, o espaço era amplo, andávamos lado a lado. De repente me vejo imóvel, ouço o som da gangorra já enferrujada no parque onde sorriamos, onde fazíamos acontecer, onde minha vida fora levada. Nada foi mudado, não tocaram em nada. Minha vida manteve viva um pedaço daquela realidade, eu teria deixado meu sangue jorrar por todas as cores na tentativa de mantê-las vivas se soubesse que seria assim. Meu espírito ainda vive aqui, protegendo e mantendo vivo tais cores.