Moça do pântano

Rio,31/12/09

Era mais ou menos assim, a história dessa moça que atendia pelo nome de Nanci. Sem beleza física e um coração enorme dividido entre a fé em Nossa Senhora Aparecida "A Padroeira" e São Pedro. Nanci trazia em seu coração uma busca que a levava no altar dos santos para descobrir a resposta de algo sobrenatural que a conteceu consigo. Amou apenas um homem, logo no início da puberdade. E jurou: "Caso não pertencesse a ele se entregaria ao amor divíno". Porém, naquele dia, durante o tempo do colégio; passando humilhações, servindo de risos... estavam todos divididos entre as aulas de inglês e francês. Não esperava ver Elmo entrar na sala. Calado sem muito sorrir, trazia nos olhos o tom da cor da mata. Os cabelos da cor do sol. A pele clara como a nuvem. Meio descuidada Nanci deixou cair a carteira do clube do trabalho de seu pai, serviria para identificá-la, caso quizesse entrar na piscína.

Naquele momento, todos riam dela por simoles zoação. E Elmo pegou a carteira dela vendo a foto que ali estava, e disse:

_ Quem é essa moça bonita!

_ Eu.

Sentava na frente dela então olhou para trás e os dois olhos pareciam ter se reencontrado. Nanci voltou para casa trazendo aquelas ilusões que enchiam seu coração de benévola alegria. Alguns dias se passaram. O par de olhos, cor da mata fez tão bem a Nanci que agora, andava emperequetada no colégio sendo reparada por todos. Todavia, não encontrava Elmo no colégio. Nanci começou a sofrer e chorar pelos cantos perdendo o brilho. Nem sua família a suportava mais. Decidida a morrer pegou alguns comprimidos que o pai tomava e ingeriu-os de uma vez.

Nanci adormeceu profundamente...

No meio do sono profundo, Elmo apareceu em seu quarto. Tocou-lhe no ombro e pediu que o acompanhasse. Sem nada entender, apenas perguntava:

_ Por que sumiu esse tempo todo?

A resposta, era cada vez mais a distância que a atraia para um lugar do infinito obscuro, cheio de lama e chuva fina sem cessar. Parecia real, levando-a temer onde ia parar. Nanci o seguia e se acalmava quando via pequenos traços de luz. Naquele momento, apareceu no apartamento dele. A mâe de Elmo lhe mostrava o álbum de fotos de infância. Sairam dali continuando a caminhada na obscuridade. Por fim, levou-a onde queria. O lugar onde havia sido internado mostrando como padeceu antes de seguir em frente, parando no cemitério. Nanci acordou gritando desesperada.

Como podia ser? Onde teria ido se estava o tempo todo no seu quarto. Lembrava agora, que iniciava sempre uma oração, antes de dormir.

Contou para todos da família sua história. Foi apontada como louca. Levaram Nanci no hospital, e um belo dia a moça resolveu ir no cemitério. Decidiu provar que não se tratava de loucura e sim algo sobrenatural não encontrando nada sobre o que viu. Elmo foi vê-la e precisava saber o que estava acontecendo. Nanci adoeceu. A mãe de Nanci foi numa reunião no colégio. Entrou de duas em duas mães. O destino colocou a mãe de Elmo diante da mãe de Nanci. A diretora perguntou sobre o paradeiro de Elmo e a mãe dele contou que quando era criança, havia caído da cadeira bateu a cabeça e criou-se um tumor celebral. Devia ter procurado cedo o tratamento, porém, deixou passar e com o tempo a enfermidade prosseguiu. Elmo estava doente demais. A diretora mostrou que suas notas eram péssimas. A mãe dele explicou que nunca teve condições de aprender nada. Cansou de castigá-lo, até ver sua crise levando-o às pressas para o hospital.

A narração da mãe de Elmo fez com que a mãe de nanci acreditasse no caso ocorrido com a filha. A mãe de Nanci contou que Elmo foi visitar Nanci e achou que estivesse doente da cabeça. Ela o conheceu apenas um dia, dizendo-se apaixonada. A diretora orientou ambas as mulheres procurarem um centro espírita.

E aconteceu exatamente assim, quando chegaram num certo terreiro de candomblé, quando o pai de santo abriu os búzios.

Tão logo, caíram na mesa, afirmou que Nanci era filha do orixá que representava o pântano, divindade da água lodosa e responsável pelo iníco e recomeço de tudo. Não havia loucura por parte de nanci e sim, sobrenatural. Apenas coincidência do destino, pois a moça do pântano precisava que Nanci iniciasse no candomblé, para dar caminhos e direção a uma alma inconformada, porque notou a paixão de Nanci. E achou que se gostasse de uma moça diferente de todas que conhecia, seria curado de uma doença que sempre soube que tinha e não aceitava.

O pai de santo ainda afirmou que a feitura de nanci deveria ser breve, caso contrário a moça ficaria doente dos nervos no futuro, podendo inclusive, enlouquecer. A mãe de Nanci e de Elmo sairam do terreiro prometendo a si mesmas que nunca comentariam isso com ninguém.

Certo dia, Nanci foi vista entrando no cemitério levando três rosas e velas depositando em um túmulo desconhecido, acreditando que ali entregaria seu coração.

Dinah Monteiro Costa.

Dyanne
Enviado por Dyanne em 01/01/2010
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