Nome: Suri

Demoníacos, sedentos de sangue. A arruaça na rua é pouco, os gritos homéricos não satisfazem seus egos. Saem gritando e o primeiro embate mais caloroso se dá. A discussão é calorosa, colérica. Vão aos poucos se ajeitando. São numerosos e cercam todos os arredores, se esquematizam sem mesmo pensarem nisso. Tomam conta do lugar. Engendram planos fugazes, mas de pouca eficácia. Com um bando maior seguem rumo aos prédios e veículos no entorno. Relembram seus antepassados sofridos como maneira de mais se afirmarem e aumentarem seus álibis. Nada, no entanto justifica o que já vislumbram. Aos poucos seus nervos e veias saltam. Os rostos sacrificados pela dura vida se congestionam. Num lampejo, ou devemos dizer num descuido um se descontrola e enfia-lhe a faca no corpo. É no abdômen. O sangue jorra, estupefata a vítima ainda olha para seu opositor numa menção de perdão. Seus olhos lacrimejam, sua vida fora em vão. A busca pela felicidade e bem estar dos seus fica para trás. Grita, geme e chora sem dizer nenhuma palavra suficientemente audível. A criatura a sua frente range os dentes e em tom firme rasga-lhe o bucho, vai mais para cima e quase que levanta aquele corpo semi desfalecido em sua lâmina. Aos poucos aquele que há poucos dias era seu companheiro de trabalho está morto, sem movimentos cai no chão sem resistência, mas uma vida foi tomada pela brutalidade humana. A baderna então toma conta do local. Os quilombolas se apoderam de tudo que encontram e partem para cima ensandecidos. O caos está instalado, o que poderia parecer um protesto se desfigura e se transforma num massacre. Pessoas apavoradas correm, se atiram no rio, outras menos velozes já são reféns da violência. Incendeiam carros, lojas e roupas. As labaredas aterrorizam os que tentavam se manter calmos. Temem pela morte em meio às chamas. O pavor é agora o senhor, o dono da situação.