Numa Boate "Lounge" II
Retirou o seu celular de um dos bolsos da sua jaqueta jeans azul escura. Queria ligar para algum amigo. Talvez conseguisse convencer ao menos um deles a esquecer que o dia seguinte seria uma quarta-feira de muito stress e trabalho. Clicou a sua agenda eletrônica até encontrar a pasta dos amigos, acessou por ordem alfabética: a, b, c, d, e, f... e parou na letra m: Moreira.
Julgou que este poderia ter disponibilidade, pois era um pequeno empresário do ramo da Informática, tanto como ele. Não precisava chegar tão cedo ao trabalho, tinha o seu gerente; homem de confiança. Além disso, era um dos seus mais antigos amigos, haviam se formado juntos. E tinha acompanhado a relação de Luís com a sua esposa desde o princípio. Portanto, presumia que poderia contar com a solidariedade dele.
- Moreira, fala, rapaz!
- Luís?! Diz aí, meu velho! Que mandas?
- Meu amigo, eu te contei a respeito de Valéria?
- Sim, vocês estão em crise... você me disse no último final de semana, quando a gente se encontrou pra tomar umas...
- Pois é...
- Mas você não me ligou de quase meia noite pra me dizer algo que eu já sabia, não é?
- Claro que não, Moreira. O negócio ficou mais sério, camarada, ela expulsou-me de casa...
- Ô... merda! E você esta aonde, em algum hotel?
- Hotel?! Que nada! Estou numa boate, pensando como vou fazer de hoje em diante. Olha... podes vim pra cá agora?
- Rapaz... Agora?! Mas eu já estava de pijama. E amanhã eu tenho reunião logo cêdo com os meus fornecedores...
- Vais fazer isso comigo, velho amigo?
- Esta bem... eu vou, eu vou. Diz aí o endereço.
Explicou-lhe a localização da boate e desligou o celular. De fato, irritou-se um pouco com o comportamento do amigo. Mas depois de alguns minutos tomando a sua cerveja, refletiu que talvez tivesse a mesma conduta, caso fosse o inverso. Na verdade, não gostava de incomodar ninguém com os seus problemas. Mas sentia, no íntimo do seu coração, que precisava de ajuda, estava angustiado, perdido na nova situação que lhe foi colocada injustamente.
Precisava de um cigarro urgentemente, sabia que diminuiria as suas tensões com tal artifício. Mas a boate não vendia cigarros, consentia o uso, mas não vendia. "Normas da casa." alegou o garçom bigodudo. Logo, teria que recorrer a algum usuário que estivesse numa das mesas vizinhas a sua. Girou a sua cabeça quase 360 graus a fim de olhar sucintamente o ambiente, apesar dele estar escuro e fumacento. E, a cerca de cinco metros de onde estava, encontrou uma bela jovem acendendo um cigarro, acompanhada por três sorridentes amigas. Então ele também sorriu, mas por causa do cigarro.
*Continua daqui a alguns dias.
*Obrigado pela leitura, caros recantistas.
*Obs: Boate "Lounge": ambiente fechado e refrigerado onde existe espaço de dança e para as mesas. Costuma tocar música eletrônica lenta e rápida.
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