Duas Vozes
Um homem esbravejava no terceiro andar; Duas mangas amarelas gritavam em voz alta, rodopiantes, de braços abertos, se espalhando loucamente por todo o prédio:
- Eu quero que Aristóteles vá para o inferno!
E uma voz muida, suave, e pequena, resmungou do outro lado do corredor:
- Eu também...!
Então as vozes sonoramente se encontraram em timbres contrastantes. E os olhares se entrecruzaram, se reconheceram, amigos de longa-curta-data. E as mãos se acenaram. Rapidamente ele foi ao encontro da muideza da segunda voz, apertou-a às mãos, e suavemente se exaltou.
- Quer tomar um café?
- Opa! Claro!
E assim, sentaram-se, as duas vozes entrecostadas à um café ralo e quente, discutindo Aristóteles durante duas horas; Em tom maior e menor.