" As rosas só não nascem nos muros, porque os homens não as regam."

Aquele lugar sempre foi marcado pela violência.

lugar onde as pessoas se perdiam, não por causa dos becos estreitos, mas sim porque sempre fora um lugar almadiçoado, todos diziam que era " um antro de perdição". O contraste era nítido a cada quarteirão, sempre havia uma briga e nos intervalos das brigas os cães disputavam

os sacos de lixos furtados.

Lugar onde habitava cães e homens. Somente aquele que tinha um olhar mais sensível podia ver que na verdade o que muitas vezes havia naquele local era um guerra espiritual, chegando a ser até mesmo macabra, bares e igrejas lutavam por um pedaço de terra, assim como também lutavam por um corpo ou que se perdeu, ou que queria se perder.

Assim se encontrava várias placas e logotipos: DEUS é amor, birosca da Maria, Assembléia de DEUS, bar sete estrelas, Igreja Católica, terreiro da madame NElvira, Bar do portugas, Estado Messianico e até mesmo a universal fez temporada por lá. Foi em meio a este paradoxo ideológico que chicão cresceu, seu sonho quando criança era ser médico, agora já na adolescência percebeu que aquele sonho de criança perdeu espaço com as adversidades da vida.

então agora só havia sobrado o monstro.

Chicão, havia se tornado "Piolho", e não porque teve muitos piolhos em sua infância, mas sim porque agora ele sugava a vida de seus iguais, sua sobrevivência como ele mesmo dizia, dependia disto. Você pode me perguntar como se faz isso?

Eu te respondo: Vendendo Drogas!

Tráfico de Drogas:

ramo comercial com altos índices de lucro, se vende muito, se repassa um pouco e fica com 1/3 do que se vende, se a pessoa não usa drogas ganha, se usar perdeu.

Chicão ou Piolho nunca colocou cigarros, bebidas alcoólicas ou outro tipo de drogas na boca, seu vício era bem mais destrutivo, era a ganância.

Ganância:

Pecado capital que nunca fica satisfeito, e como um buraco negro suga, suga e não se satisfaz...

Piolho ou Chicão se tornara um grande ganancioso..

Aos dezesseis anos ele ja tinha seu imperio dentro do seu universo paralelo, universo que se resumia a duas esquinas, uma praca e um barzinho, fulga de muitas pessoas que moravam naquele local.

o bar era o entretendimento do final de semana, ali uns se acabavam nos destilados, outros iam para paquerar, mas Piolho tinha uma visao muito curiosa do bar, para ele tudo aquilo significavanegocio, quanto mais pessoas maior seria seu lucro. Tinha cocaina, crack, maconha, tudo em maos, o produto era conforme a necessidade do cliente, nao poucas vezes se perguntava:

___ Sei que isso e' negocio, mas porque essas pessoas buscam tanto prazer nessas quimicas?

Foi um dia se questionando que percebeu que tambem era um viciado por dinheiro, mas rapidamente negou o fato argumentando consigo mesmo:

___ E', mas este se for um vicicio, e' um vicio bom.

O tempo foi passando e logo ele foi percebendo que alguns amigos que havia estudando com ele na 5 serie, estavam entrando nas faculdades, uns atraves do enem e pro uni, e outros usufluindo das migalhas do governo usando a cota da segregacao.

Entao observou neste momentoque o tempo havia passado e se questionou:

___ Nossa! como nao percebi este tempo?

Talvez Piolho estava tao concentrado no carro que ja havia comprado, nas biqueiras que comandava, ou nas torturas que executava com os devedores, que nao percebeu o tempo que nao perdoa ninguem, nem plebeus e nobres, este veem para todos como o sol que nao destingue a quem brilhar.

Mas talves ... Eu que narro esta historia acredito que tenha sido por isso..! Ou talvez nao...

Do que Importa?

Foi se questionando durante anos, mesmo com seus estudos atrasados, foi refletindo que percebeu que aquela negacao la no comeco sobre o vicio do dinheiro, na verdade fazia todo sentido. Se anesteziou tanto tempo com a ganancia e sua dependencia que o monstro o havia controlado por muitos anos...

Era uma tarde de sol , a esquina tinha um apelido estranho muitos conheciam como "A esquina do esquecimento", pois ali muitos esqueceram suas essencias.

Chicao estava com o pe direito apoiado na parede olhando para o movimento, criancas passavam vindo da escolacom seus uniformes sujos de merenda. O muro onde estava era extenso longo e dividia com ele aquele muro um grafiteiro que vinha na sua direcao fazendo uma arte, de um lado o muro tinha um aspecto nojento intercalando com mofos e umidade.

Entao Chicao comecou a pensar:

___ E' acho que perdi tanto tempo nesta vida, e agora vendo as pessoas passarem percebo o quanto este monstro me estacionou, chicao neste momento se esquecera do mundo do crime era so mais um perdido no tempo, e comecou a pensar na infancia, nos sonhos que que tinha, seu estagio de reflexao foi tao profundo que nao percebeu a policia que vinha vagarosamente no alto da avenida...

Policias com cara de mal, intimidando as pessoas tanto boas quanto as que a gente julga ma'.

Chicao estava em transe, que se esqueceu que estava cheio de flagrantes, o grafiteiro havia grafitado uma linda rosa no muro que sobresaia de um livro.

Foi neste momento que CHICAO voltou a si, e foi neste momento que a policia havia parado na sua frente e um policial falou:

___ Encosta na parede vagabundo!

Chicao de rosto para o muro so via meio que de rabo de olhos as cores da rosa; entao pensou:

___ Eu poderia ter aproveitado, tive a chance de ser o que quisesse, tive a chance de mesmo sendo este muro sujo com cheiro de mofo, ser grafitado por DEUS...

Neste momento o policial ja havia achado os fraglantes e cantado a voz de prisao e batido as algemas, entao o policial virou para o Piolho e disse:

___ E ai vai dizer quem e' o Patrao?

Chicao so disse o que veio em seu coracao naquele tragico momento:

___ As rosas so' nao nascem nos muros, porque os homens nao as regam.

The end.

guido campos
Enviado por guido campos em 22/12/2009
Reeditado em 25/12/2009
Código do texto: T1991306
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