Noite de insônia e pensamentos

Em mais uma noite fria de São Paulo, o jovem perdido em seu quarto não consegue dormir. O música que toca nos seus ouvidos lhe fazem imaginar e desejar ser igual aos seus ídolos. Grandes estrelas e clássicos do Rock n' Roll passeiam na sua cabeça. Led Zeppelin, Queen, Kiss, Beatles, e claro algumas nacionais como Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, Titãs e Ira!. Cartazes espalhados decoram as paredes de seus quartos. Enquanto a música ecoa pelo fone de ouvido, seus pensamentos vão de um lugar a outro em um piscar de olhos. Escola, amigos, família, relacionamentos, sonhos, amores, paixões, futuro, passado e presente. Tudo girando em sua cabeça ao mesmo tempo...

No chão rascunhos e mais rascunhos de tentativas de uma composição que tentara fazer com seu amigo e companheiro de banda mais cedo. Lembrara exatamente como foi seu dia: acordou cedo e foi à escola, logo na sexta-feira teve as aulas que mais odiava. Física, química e matemática. Tudo em um dia só! Quem foi o maldito que organizou esta grade horária. Achava um absurdo essas três matérias juntas. Pensava que nem um ser racional conseguia gostar disso. Só os nerds mesmos. Na escola tinha poucos amigos, mas amigos verdadeiros. Não era muito popular, gostava de passar despercebido por ali. Achava aquela escola uma bosta. Jovens se dividiam em nichos e não se misturavam. Playboys, nerds, atletas, rockeiros, baladeiros, pagodeiros, entre tantos outros tipos.

Chegando na sala de aula viu a bagunça que era comum na sexta. A maioria dos alunos também não gostavam das matérias do dia e então era praticamente impossível conseguir aprender alguma coisa. Os 3 ou 4 que tentavam, não conseguiam nem escutar os professores. Os mesmos por sinal, já haviam desistido de tentar acalmar a sala, pois já havia passado praticamente 1 ano inteiro e no último mês de aula já estavam esgotados e desmotivados. Após o intervalo o diretor da escola veio a sala para avisar que na próxima semana seriam realizadas as provas finais e que depois disso estava terminado o ano letivo. Apenas mais uma semana. Era apenas o que Thomás conseguia pensar naquele momento.

As horas passavam e passavam e nada de conseguir dormir. O barulho da movimentação na rua era grande. Carros, buzinas, fogos (ou será que eram tiros?) e o barulho que vinham de algumas casas que tocavam um funk e estavam lotadas de gente que tinham segundas intenções além de dançar. Seja qual for.

Estava pensando agora em como seria aquele ambiente, e em tudo o que aquilo representava para a juventude de hoje em dia. Por que será que a grande maioria consegue gostar disso? Não achava resposta. Mas mesmo assim tentava respeitar. Não se pode obrigar ninguém a pensar e agir ou gostar das mesmas coisas que você. E nem poderia julgá-las só pelo tipo de música que escutavam, sem nem ao menos ter conversado com essas pessoas.

Mas mesmo assim ficava indignado que a grande maioria dessas mesmas pessoas não faziam uma única coisa: pensar.

Pensar no que está acontecendo, não no mundo mas com você e com as coisas a sua volta que podem interferir na sua vida. A realidade passava em frente aos seus olhos e ninguém fazia nada para mudá-la. Nem ao menos questionavam. Aceitavam tudo o que lhes era imposto sem nenhuma resistência.

Adormeceu. Era apenas mais um deitado em sua cama pensando em como o mundo estava aos seus olhos.

William Nunes
Enviado por William Nunes em 20/12/2009
Código do texto: T1987569
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