...O último sorriso
O rosto da mulher estava desfeito, mas o efeito do retrato que figurava no ambiente, deixava todos aqueles que a visitavam mui perplexos, olhar o retrato sadio e risonho, era olhar o passado daquela moça magra e fraca, que dantes irradiava felicidade, entre os jardins daquele casarão na Tijuca de fins de século dezenove.
Abgail chegara da Europa, depois de causticante viagem de navio, só para se despedir da grande e estimada amiga, que hoje era para ela o retrato da maldição. Chegou no dia de natal, e adentrou o recinto solene e espectante de alívio, porém ao deparar-se com a apatia da querida amiga, ficou tristonha.
Na hora da ceia, todos que ali estavam ficaram mudos, apenas oraram e agradeceram o alimento, pediram forças a Deus, para que pudessem entender, o porque daquela dor infinda...
Aluízio levou um pedaço de bolo de milho para sua dileta irmã, porém quando entrou no quarto, viu Ana Carolina rindo um sorriso tão largo e franco qual o que emanara na fotografia do quarto, ela estava radiante no sorrir, ele disse para si em pensamento, Meu Deus, Carolina sorriu de novo, venham ver, ela sorri, entraram no quarto, a mucama e a amiga, e ambas deliraram com a cena: Ana Carolina estava sorrindo,e seus traços esboçavam uma alegria sem par.
Aluízio se aproximou e tomou-a nos braços dizendo querida que bom você voltou a sorrir, dê-me cá um abraço, eu quero sentir sua alegria, feliz natal irmãzinha querida, foi quando sentiu a frieza do corpo da jovem senhora, que sorria, mas sem vida. Assim foi que Ana Carolina sorriu pela última vez.