La Tangueira.

La Tangueira.

(Zésouza)

Noite outonal, uma gaita marcando um tango. Sofrenou o pingo, cuidou o movimento. Cavalo tordilho, deixou afastado quem em chão alheio muito cuidado é pouco. Rancho de chão batido, dois lampiões, meia duzia de chinas e de oito a dez machos, tomando canha; o mesmo copo, de mão em mão, de boca em boca. O gaiteiro caprichando no tango. Em meio a polvadeira da espelunca de fronteira a china do cabelo comprido e preto, dos lábios vermelhos,cintura fina, as ancas largas o peito farto e dos olhos negros que bateram nos olhos dele os quais bateram nos dela e tremerem os dois. Ela dançando com o índio forte, cabeludo jeito atrevido. O gaiteiro bombeou tudo, parou a gaita com a desculpa de tomar um trago e com isto se soltaram os pares. Ele estranho; para os outros um ponto de interrogação, para china flor de fêmea um de exclamação. O gaiteiro floreou o inicio de outro tango e a china se voltou para ele e toda ela chamou; Vem. Ele foi. A prenda me concede o prazer da dança? Respondeu o cabeludo atrevido. Tá acompanhada tchê! Quem gosta de conversa é lavadeira em beira de arroio. Relampearam duas adagas e logo o trovão de som metálico...Pampa onde o horizonte é além do horizonte, apontando a barra do dia e no alto da coxilha a silhueta de um cavaleiro num pingo tordilho com uma china na garupa.

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Zésouza
Enviado por Zésouza em 12/12/2009
Código do texto: T1974444