“O FIM DO MUNDO DOS ADULTOS”. PESADELO DE UMA CRIANÇA

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Eu poderia até dizer que passei a noite sonhando com o fim do mundo, mas por consciência de criança isso foi um pesadelo, só que não era com muita água como vi no último filme lançado nos cinemas ou da forma sensacionalista e organizadinha como se vê na mídia que mostra unicamente a destruição do mundo físico e não a situação espiritual, emocional e psicológica em que as pessoas se encontram.

O fim do mundo no meu “sonho” realmente tinha muito fogo, explosões, desespero e mortes, mas, pude perceber que o fim desse mundo físico de terra, florestas, mares, foi precedido pelo fim do mundo do interior das pessoas, de suas almas. Tudo começou por vários motivos que posso pontuar mas não entendi muito dado minha pouca idade e falta de experiência. Por observar o mundo dos adultos percebi que o fim do mundo dos mesmos se deu a princípio pela falta de amor próprio, amor para com o próximo e principalmente amor a Deus que pelo visto já não fazia parte desse mundo interior das pessoas.

Contemplei em feedback o fim do mundo dos homens quando eles começaram a fazer uso desmedido do seu chamado Livre Arbítrio, um cartão de crédito que todos receberam ao nascer e passaram a gastar para atender suas necessidades que pareciam não ter fim. O que era para ser apenas solicitude da existência passou a ser consumismo desmedido.

Passaram a chamar "libertinagem" de liberdade de expressão, liberdade de escolha, liberdade sexual, liberdade de poder e alguns chamavam "impunidade" de imunidade política, imunidade diplomática e essas imunidades tiveram princípio em uma tal de imunidade de pecado.

Milhares de pessoas nem criam que esse tal de pecado existisse e muito menos o pai dele, um tal de diabo que era tido apenas como uma figura mitológica. Se era mito eu não sei, mas eu já tinha medo dele e do tal de pecado dado as conseqüências trágicas que acarretavam-se sobre os seguidores do tal mito. Eu já havia perguntado ao papai o que era o pecado, ele me falou alguns sinônimos que na verdade eram muitos como: iniquidade, ódio, ira, gula, amor ao dinheiro, inveja, lascívia, luxúria, prostituição, maledicência, maldade, rebeldia, arrogância, adultério, prepotência, idolatria, engano e muitos outros. As pessoas não se davam conta de que estavam gastando desmedidamente e irresponsavelmente seu cartão de crédito LA em todas essas coisas e ainda diziam que era em prol da chamada evolução. Isso tudo começou a poluir o ar algo que eles não viam, mas que precisavam para sobreviver.

Em prol da tão chamada evolução os homens estavam desmatando os bons sentimentos que deveriam ser cuidados com o bom senso e ética que a essa altura já era tido por muitos como algo careta. As pessoas estavam poluindo a água das relações humanas e, até contavam vantagem das façanhas e métodos que usavam para enganar e se darem bem, roubar, furtar, maltratar, tudo ao ponto de que a fraternidade estava se tornando cada vez mais escassa.

Até os bons sentimentos e boas ações que pareciam gratuitos e deveriam sair dos homens por boa vontade, passaram a ser usados como slogans por instituições e pessoas famosas que só queriam fazer nome e obter honrarias. Isso tudo se via diariamente na mídia. Eu via na TV até o tal “Criança Esperança” uma vez por ano, quando na verdade devia ser chamado “Adulto Esperança”, pois esperança nunca falta no mundo infantil.

Eu não conseguia entender por que o mundo dos adultos estava no fim sendo que o meu ainda estava no começo. Embora eu creia em papai do céu e até converse com Ele, não falo muito em algumas coisas que os adultos discursam nos meios de comunicação e nas instituições. Coisas como amor, bondade, simplicidade, amizade, felicidade, paz, tudo isso era vivo em mim que queria muito compartilhar desses sentimentos espontâneos em meu mundo.

O fim do mundo físico começou a virar notícia constante e perturbadora na mídia, mas os homens nem se davam conta dessa realidade presente, eles continuaram a destruir seu mundo interior e usar a destruição do mundo exterior como matéria para mídia e em filmes de ficção que não eram usados para conscientizar as pessoas, mas para ganhar dinheiro. O dinheiro andava escasso para muitos, era o que papai vivia dizendo, eu tinha tudo que precisava, não sentia falta de dinheiro.

Parece que o dinheiro não podia deter o fim do mundo, mesmo quem tinha muito não podia comprar realmente o essencial para suas vidas que na verdade parece ter sido afetada pelo amor ao dinheiro. Os homens pareciam investir muito dinheiro em segurança própria, em tecnologia e armamentos, isso tudo para se autodestruírem. Enquanto isso, faltava alimento, educação, saúde, moradia, dignidade, etc. Eu não conseguia entender, mas o meu pesadelo com o fim do mundo reproduzia tudo o que eu havia visto na televisão e nos demais meios de comunicação.

Ao despertar daquele horrível pesadelo questionei ao papai o que aconteceria se o mundo acabasse, ele disse para eu não me preocupar porque nós, principalmente eu que era criança, seria transportado para outra dimensão, um mundo bem melhor que esse que vivemos agora. Me senti reconfortado. Agora vou para escola, como hoje tem prova de redação vou escrever algo sobre o fim do mundo dos adultos, pois o meu está apenas começando.

Jessé Nóbrega Cardoso.

Jessenc
Enviado por Jessenc em 11/12/2009
Reeditado em 19/09/2012
Código do texto: T1972449
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