XXVIII - LOGICA
Existem coisas que só a ingenuidade e a inteligência infantil são capazes de produzir, enfim existem coisas de crianças.
Um dia, chegaram à casa de Paula um grupo de parentes, assim que o carro parou os primos, tios e tias correram para saúdá-los. E ocorreu o seguinte dialogo:
_ Que dia vocês vão embora? Perguntou a mãe.
_ Domingo! Respondeu o tio.
_ Vocês vão hoje? Perguntou o garotinho interessado.
_ Não, nós vamos no domingo. Reafirmou o tio.
_ Mas hoje é domingo! Respondeu o garotinho.
E todos riram de ver a lógica do moleque.
Duas noites depois nos reunimos na casa de uma tia para jantarmos e naquela animação, logo as crianças pediram algo para comer.
_ Eu quero comer? Disse Tico.
_ Só tem cueca-virada!Respondeu a tia pegado um biscoito frito e caramelado.
_ Que disse? Disse Tico pegando o biscoito e experimentando.
_ Ta bom? Quis saber a tia.
_ Bom! E saiu para brincar logo voltou com a prima.
_ Eu também quero comer? Disse a pequena Ema.
_ Quer cueca-virada? Perguntou a tia.
_ Não! Respondeu num susto a menina.
_ É gostosa! Não é fedida, não. Respondeu Tico enquanto devorava a sua e pedia mais.
Foi uma risada só. As tias ficaram impressionadas com a lógica do menino. Afinal de contas cueca é roupa e não comida.
Já em casa, Tico aprontou mais uma das suas. A mãe de Tico subiu para descansar, mas antes disse aos filhos que se alguém ligasse era para dizer que ela não estava. Assim que terminou de falar o telefone tocou e Tico correu para atender enquanto sua mãe subia as escadas.
_ Alô! Disse Tico.
A pessoa do outro lado perguntou sobre a mãe de Tico.
_ Mãe foi dormir, mas pediu para dizer que não está. Respondeu Tico.
A pessoa deve ter insistido para falar com a mãe.
_ Mãe não está! Disse Tico.
E a pessoa deve ter falado, mas você me disse que ela foi descansar.
_ Se ela esta descansando é porque ela não esta, ta bom, tchau! E desligou o telefone.
Quando a mãe levantou perguntou a Tico quem havia ligado.
_ Não sei.
_ Por que você não perguntou?
_ Ora a senhora disse que não estava, se a senhora não estava para quem eu vou dizer quem era? Perguntou Tico.
E a mãe o abraçou e disse que nunca mais lhe diria para dizer uma mentira. Se ela estivesse descansando e para ele dizer que ela estava descansando e para a pessoa ligar mais tarde.
_ Certo? Perguntou a mãe.
_ Certo. E se for alguém importante? Eu vou dizer a verdade?
_ Sim, filho!
_ E se eu tiver sozinho e for um bandido? Perguntou Tico.
_ Se for um bandido chame a polícia.
_ E se a policia não acreditar?
_ A polícia só não acredita em mentiroso e se você for sempre honesto ninguém duvidara de você. Certo?
E dando por satisfeito saiu feliz pela casa.
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As crianças são como barro, onde nos primeiros anos modelamos novos e nobres conceitos, a criança copia os pais, se ela mente seus pais também mente ou alguém que lhe sirva de exemplo.
Eles são lógicos, pensam sobre tudo o que falamos, ensinamos e principalmente sobre o que exemplificamos.
A lógica é o prenuncio da razão que favorece a compreensão de coisas importantes como, por exemplo, a existência de Deus.
Se analisar tudo a minha volta eu verei a magnitude da criação, perceberei que ela não surge do nada e que só poderia ser obra de um ser fenomenal, espetacular, perfeito e independente do nome que eu der, saberei que algo maior que eu governa o universo.
E cedo ou tarde chegarei a Deus, mas somos nós os pais quem incentivamos o pensamento, o conhecimento, a verdade em todas as suas vertentes, o exercício do amor, somos nós quem indicamos o caminho, mas são eles os filhos quem decidira se seguiram ou não o caminho seguro e amoroso ou o caminho difícil e doloroso da vida terrena.