XXVI - REVIRAVOLTA
Seu José era barqueiro, mexia com construção, conservação e reforma de barcos, era casado, tinha dois filhos.
E já mexia com isso há mais de 20 anos, educara os filhos sustentara a esposa e a casa, guardara um dinheiro para construir um barco grande para poder viajar pelos rios até o mar com a família toda.
Depois de 20 anos começou o seu projeto grandioso: a construção do grande barco.
Trabalhava na construção nos fins de semana com a ajuda dos filhos.
O barco estava ficando uma beleza e já atraia muitos visitantes, quando o barco estava quase terminado houve um principio de incêndio que foi logo controlado pela família de seu José e alguns visitantes, só que o fogo alastrou-se pelo barco vizinho, que infelizmente estava carregado com diesel e queimou até o casco.
Seu José foi responsabilizado pela perda do barco de seu Onório.
_Eu sei que o senhor não tem como pagar o meu barco. Então o que vamos fazer? Perguntou seu Onório.
_Eu tenho um dinheiro e posso comprar o material e se o senhor concordar comigo, posso reconstruir seu barco melhor do que era.
_Quanto tempo isso vai levar?
_Se o senhor concordar comigo. Trabalharei dia e noite e em menos de 15 dias eu entrego seu barco pronto.
E com isso seu José não pode trabalhar com o transporte de turista e começou a faltar dinheiro em casa, pois o que os meninos ganhavam mal dava para os seus gastos.
Em 15 dias o barco de seu Onório ficou pronto e povo da cidade, os turistas, não paravam de elogiar a beleza do barco e com isso seu Onório passou a fazer mais passeio e a ter mais turistas no barco.
Seu José olhava o seu grande barco e pensava se em algum momento havia ofendido a Deus, porque não entendia o porque de tudo aquilo.
Enquanto olhava o barco não percebeu a aproximação de um homem.
_Gostaria de falar com seu José!
_Pois não.
_O senhor é seu José, o grande construtor de barcos?
_Se grande construtor, não sei, mas sou José.
_Eu vim aqui encomendar três barcos no mesmo tamanho desse que o senhor construiu para o seu Onório. E gostaria de fazer uma proposta de compra desse barco. E apontou o grande barco de seu José.
_Mas ele ainda não está terminado!
_Tudo bem! O senhor precisa de quantos dias para terminar? E qual o seu preço?
_O senhor pode me dar 24 horas para estudar sua proposta?
_Não! Mas, posso lhe dar 2 horas, certo?
_Tudo bem!
José foi para casa chamou os filhos, conversou com todos, pois iria precisar de toda a ajuda que conseguisse.
Ligou para o irmão em Brasília e pediu R$ 300.000,00 em dinheiro para daqui a 1 hora, e relatou ao irmão o que iria fazer e que lhe pagaria com 10% de juros num prazo de dois meses.
O irmão de José era bem de vida, e sempre fora José quem o socorrera em duas dificuldades, tinha no banco um credito pessoal aprovado a dois meses de R$ 450.000,00 e agora tinha a oportunidade de ajudar o irmão, com o que ganhava podia arcar com as parcelas do empréstimo.
Seu Cláudio empresário no Rio de Janeiro estava ansioso pela resposta de seu José. Quando tocou o telefone.
_Alô!
_Tem um senhor aqui na portaria querendo falar com o senhor. Informou a recepcionista.
_Tudo bem! Estou descendo.
Depois de alguns minutos seu José e seu Cláudio estavam frente a frente, de novo.
_Eu aceito! Disse seu José entregando um pedaço de papel com os valores.
_Tudo bem! E qual é o prazo?
_Dois meses para entregar os três barcos e três dias para terminar o barco já começado.
_Ótimo!
No terceiro dia o material já havia chegado e eles já estavam começando a montagem dos cascos dos 3 novos barcos. O dinheiro que seu José recebeu pelo seu barco foi depositado, num banco.
Então apareceu o pessoal da fiscalização querendo multar seu José. Foi então que seu filho Carlos mostrou a documentação da firma que ele havia aberto, portanto eles estavam dentro da lei.
Seu José sorriu de felicidade e depois perguntou.
_Como você fez isso?
_Usei parte do dinheiro que ganhamos na venda do seu barco. Pois o Paulinho não parava de dizer que a qualquer momento alguém do governo poderia chegar e nos impedir de trabalhar, de ganhar nosso sustento. E, ai pai fiz bem?
_Você foi ótimo filho! Vamos agradecer a Deus por tudo de bom que tem nos acontecido, porque depois que o barco queimou nossas vidas mudaram para melhor.
_Com certeza, pai! Disse Adriano. Estou até pensando em casar com a Sandrinha.
_Vamos com calma meus filhos.
Em 45 dias os barcos estavam prontos e foram entregues e havia mais 7 encomendas e a empresa ia de vento em polpa.
Seu José e a família até foram passar sete dias no litoral.
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Às vezes aquilo que nos parece um grande mal e na verdade a oportunidade de transformarmos a nossa vida.
Reescrevendo um novo final para elas.
Na vida somos os escritores de nossa própria história e como tal podemos escolher os papéis mais belos e melhores, aqueles que com certeza concorreram ao “Oscar de melhor ator”.
A escolha sempre é nossa e só nós podemos dar significado ao que vivemos tornando nossas vidas úteis e proveitosas para nós e para os que nos rodeiam.
Aprendamos a aceitar a mudança e a fazermos à diferença.