XXV - ESCOLHA

Um casal, já com 10 anos de união e sem filhos, sofreu um doloroso ataque, numa noite fria, sua casa foi invadida por dois homens, que renderam o marido e um deles estuprou a mulher.

Depois de dois meses, o médico constatou a gravidez, a tristeza os invadiu, um filho era a realização de seus sonhos, mas com certeza a criança não era do marido. Choraram, rezaram, pediram ao céu uma solução, católicos fervorosos o aborto era inadmissível.

O médico insistia no aborto terapêutico e o casal protelava.

Por fim tomaram a decisão de terem a criança, ao longo dos meses se viam felizes nos preparativos para a chegada do bebê, era tão grande a alegria que às vezes até se esqueciam do estupro.

Quando a criança nasceu todos esperavam que descem para a adoção, mas eles decidiram criar a menina, perfeita, linda, olhos azuis como o do pai postiço, com o tempo e com o amor que eles dedicavam a ela, cada vez mais parecia com o pai do coração.

Deus abençoou o casal com outros filhos, mas a mais parecida com os pais era a jovem.

Um dia foi preciso fazer uma transfusão, ela já tinha 18 anos e então descobriu que não era filha daquele pai que a amara sempre e que ela sempre amará.

Então os pais tiveram que lhe revelar a verdade dolorosa, que lhe deu a verdadeira dimensão do amor daqueles dois para com ela.

Suas lágrimas foram de gratidão, de amor e respeito.

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Dar a oportunidade da vida na carne só os pais podem, e essa divida só pode ser paga com muita gratidão e amor.

Ninguém vai ao pai se não nascer de novo e ninguém nascerá de novo senão tiver oportunidade e essa oportunidade é uma escolha de amor às vezes feita a dois ou por um só.

Mas para que possamos resgatar nossos débitos e provar nosso aprendizado se faz imperioso estarmos na carne, até porque estamos num mundo de prova e expiações.

Além de estarmos na carne o nosso sucesso também dependerá dos meios disponibilizados para a nossa melhor escolha.

Essa jovem poderia ter escolhido revoltar-se, indignar-se, desconsiderar seus pais; mas todas as lições que ela recebeu foram do mais profundo amor alicerçando nela novos e renovadores conceitos, que fizeram com que sua escolha fosse também amorosa e justa, para com seus pais.

O amor é água límpida a lavar todas as sujeiras da alma humana. Ele é o remissor de muitos pecados e o orientador de bravos corações.