XXIV - PRECONCEITO

Duas amigas não se viam a mais de 10 anos, e a irmã de uma delas encontrou na igreja a amiga há tanto tempo perdida.

Assim que chegou em casa, pegou o telefone e ligou para a irmã e disse:

_Paula, eu encontrei a Clara sua grande amiga!

_Não brinca! Disse Paula emocionada.

_Vem comigo na igreja amanhã que eu te mostro.

_Tudo bem! Concordou Paula.

Na manhã seguinte estava pronta cedo, pensando no que iria dizer a amiga depois de tanto tempo.

Não prestou atenção em nada do que se passou na igreja, mas os olhos buscavam essa amiga freneticamente quase no fim do culto finalmente seus olhos alcançaram a amiga e a felicidade explodiu em seu peito.

A amiga Clara, casada, mãe, evangélica já há quatro anos, gostava muito de Paula.

Ao final do culto, houve abraços, beijos e lágrimas.

Clara apresentou a família:

_ Esse é meu marido Antonio! Disse ela apontando para um homem forte e sorridente.

_ Muito prazer! Disseram ambos sorrindo.

_ Esses são meus filhos: Lucas e Matheus.

_ São lindos! Disse Paula abraçando as crianças.

Então Clara fez a pergunta fatal:

_Paula quando você se converteu a Jesus?

_Há faz muito tempo! Disse Paula sem refletir muito sobre a pergunta.

_Eu me converti tem quatro anos, e nunca lhe vi em nossos encontros?

Só agora o cérebro de Paula se ligara a 1º pergunta.

_Não, não Clara! Eu não sou evangélica! Eu espírita há 15 anos. Eu nunca mudei de religião.

_O que? Pergunta Clara.

_É! Respondeu Paula ao perceber o descontentamento da amiga.

_ Isso, não é bom! Resmungou Antonio baixinho.

_ É! Respondeu Clara ainda mais baixo.

Assim mesmo Paula pediu várias vezes o telefone e o endereço, mas a amiga por fim lhe disse que mais tarde ligaria em sua casa e lhe daria o seu telefone e endereço.

Despediram-se friamente e Paula foi para casa. Ana sua irmã que presenciara tudo percebia o sofrimento da irmã.

Paula desceu do carro, entrou em casa e chorou de tristeza, de dor, de revolta, como uma simples opção religiosa podia intervir em sua amizade? Pensou, pensou e por fim adormeceu.

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Preconceito é o julgamento estabelecido, é a condenação antecipada, e o fim antes do começo.

Quando a gente diz que o Brasil não tem jeito porque aqui só tem safado! Isso é um conceito sobre a nação brasileira, que não é real, é a condenação antes do julgamento, antes de analisar as partes.

O casamento acaba, a culpa é da mulher ou então: a culpa é do homem que bebia demais.

Sempre há alguém para puxar a sardinha para um ou para outro lado. Esse preconceito já é cultural, faz parte, é um hábito comum.

Existe o preconceito histórico como o do negro (fedido), o do índio (indolente). Todos sem exceção se ficarmos expostos ao sol, sem banho, é da lei natural que suaremos e federemos independente de nossa raça ou de nossa cor de pele; se formos forçados a fazer algo que não queremos podemos realizar isso de forma bem vagarosa, como forma de protestarmos contra todos os que abusam de nós, isso será indolência?

E existe algo mais grave que são os conceitos de heróis que levantamos e sustentamos ao longo dos anos, sobre determinados vultos históricos. Aqui na terra a história atende a interesses sociais, econômicos, culturais, mas no plano espiritual a mentira grafada e repetida várias vezes agrava e torna mais dolorosa a vida espiritual do vulto, que muitas vezes não é herói de coisa nenhuma.

O preconceito cultural é aquele que vai mudando com o passar dos anos, exemplo disso é a evolução da mulher:

De primeiro não tinha alma;

Não podia votar;

Não podia ser votada;

Não entendia de política;

Eram artigos de forno e pia, cama e mesa;

Entre outras coisas.

Hoje somos 46% da força econômica na sustentação dos lares, não que isso seja algo muito positivo, pois essas mulheres estão sós na responsabilidade de cuidarem de outros seres: os filhos. Que é de responsabilidade do casal.

O preconceito econômico: “só ando com gente rica”; “só compro roupa de marca, jeans só se for da zoomp!” No Brasil só há uma fabrica de jeans a “Santista”, muitas dessas calças de marca são feitas na mesma fabrica que põe duas etiquetas diferentes e que garante valores muito diferentes.

Tem gente cujo preconceito é tamanho que chega a dizer que senão tem aquela marca não é bom o produto. Como se tudo que fosse bom pudesse ser rotulado.

Só que o preconceito ele é alimentado pela mídia, pelas pessoas que fazem o processo de “folhas ao vento”, pois levam cada vez mais longe essas idéias.

A doutrina espírita vem por luz nas questões: lembrando-nos que somos todos irmãos, não importando as nossas opções religiosas, sociais, culturais, econômicas ou política. Nós somos irmãos, uns mais evoluídos, outros menos, mais todos nós a caminho da perfeição e cedo ou tarde chegaremos lá.

Jesus nos disse “não julgueis para não serdes julgados”.

Todo o preconceito é um julgamento, e o que é pior sem conhecimento de causa.

E o fato de julgarmos faz com que nos encarceremos em nosso próprio julgamento, e muitas vezes não possuímos evolução suficiente para vivermos da forma que julgamos o outro, então se estabelece a culpa alavanca de atraso da evolução.

Na questão 903 (do Livro dos Espíritos) apresentada aos bons Espíritos e por eles respondida a algo sério: a diferença entre julgar / analisar.

“Julgar é situar a mente na inflexibilidade, analisar é buscar a compreensão do subjetivismo do próximo”. Ex. Carlos é rude, bravo, porém ele é filho de militar criado com austeridade e violência, como militar por anos a fio, participou de uma guerra mundial, viu companheiros morrer...

Isso não é desculpa, mas compreensão do contexto desse ser rude e bravo.

O ser só dá o que possui. Ninguém pode tirar leite de pedra, mas toda a pedra pode ser lapidada, e é isso que Deus nos proporciona com a benção da reencarnação.

Cada irmão está no seu tempo, porém cedo ou tarde todos nós chegaremos a perfeição.