XIX - INFLUENCIA

Uma mãe depressiva e com muitos outros problemas, estimulava os filhos a sentirem pena dela.

Em qualquer conversa, com qualquer pessoa, ela era sempre a que tinha o maior problema.

_ Estou com uma úlcera, mas estou bem. Disse um companheiro na Casa Espírita.

Bastou, isso foi à senha para ela desandar a falar sobre suas doenças, suas cirurgias, suas dores de cabeça horríveis.

E nessa sintonia ela ficava até que o médium responsável pela casa intervinha dizendo:

_ Oremos irmã! Para que Deus nosso Pai se apiede de nós todos sofredores, porque com certeza há outros sofrimentos maiores que o nosso. Afinal de contas estamos aqui, nosso corpo funciona e a doutrina nos inspira novo ânimo.

_É claro, se não fosse a doutrina, o que eu faria. Dizia ela suspirando.

_ Pois, então agradeçamos o senhor da vida.

Trabalhadora passista da casa, ao fim do trabalho dizia sempre que estava esgotada, pois os companheiros que ela atendeu estavam todos muito enfermos e que ela havia sentido suas dores.

O presidente da casa lembrava sempre:

_ Agradeçamos então, pois nossas mãos foram instrumentos visíveis para os nossos irmãos mais céticos, mas não nos esqueçamos que a espiritualidade trabalha com ou sem a nossa presença, para os que necessitam e merecem, de acordo com a Misericórdia e a bondade divina.

Chegando em casa dizia a filha:

_Você me preocupa tanto chegando da universidade essa hora com essa nossa rua escura. Você não ficou com medo, hoje? Você comeu parece tão magrinha? Está bem, não quer que eu faça algo?

_Estou bem mamãe, já comi, e Deus sempre cuida de nós.

_É que eu vi um homem na esquina, parecia bêbado e ficava mexendo com as moças que passavam, quase chamei a policia.

_Mãe, para de dizer isso, senão ela não vai mais sair de casa. Disse o filho que estava a mesa já em prece.

_E, você falou com sua namorada? Ela ligou e não parecia bem.

_Ela deve estar bem e amanhã eu falo com ela.

_É melhor ligar hoje, ela disse que estava procurando você! Você não foi trabalhar?

_Fui!

_Então porque ela não falou com você no trabalho? Vocês brigaram?

_Não, mamãe! É que hoje eu trabalhei na rua e não fui ao escritório.

Essa conversa foi o suficiente para perturbar o sono dos filhos: Cláudia e Mário.

Cláudia morria de medo de ser perseguida por alguém na rua e Mário preocupou-se com o que a namorada queria, como era tarde não podia ligar, pois iria acordar os pais da moça e com isso não conseguiram dormir direito.

Pela manhã ambos estavam cansados

Mário meu filho, eu vi o carro da firma, você veio de carro? Oh! Meu filho cuidado com as coisas dos outros, você pode bater, não aceite mais ficar com o carro se você quiser eu peço pro seu pai ir te buscar hoje?

_Está bem, mamãe! Eu vou ver. Disse ele já ligeiramente irritado, pegou o casaco e saiu sem comer nada, passou na padaria, e sua mãe ligou no celular.

_Meu filho coma e não esqueça de ligar para sua namorada, pois ela já ligou aqui.

_Ta bom!

Assim que Mário tentou dar a partida o carro fez aquele som de motor dando defeito, ele parou, respirou fundo e ligou para a firma avisando aonde estava, já preocupado com o que sua mãe tinha falado e imaginando o pior cenário ficou e não percebeu que o dono da firma estacionava ao lado.

_ Mário o que está fazendo ai?

_O carro pifou! Respondeu ele.

_Deixe-me ver!Disse o dono da firma e pegando as chaves tentou ligar o carro, não ligou.

_Pelo jeito a Ana não conseguiu falar com você, ontem?

_Não, por quê?

_Era para você levar o carro no mecânico autorizado, porque ele está com um defeito de fabrica, que faz com que ele pare!

Mário suspirou aliviado e naquele momento lembrou de orar e ficou triste consigo mesmo, pois deixou sua mãe influenciá-lo.

Claudia desceu do ônibus e andou um pouco e um homem barbudo gritou:

_Moça! Moça! Espere!

Claudia em pânico começou a correr e o homem correu atrás. Ela parou na porta do escritório e foi ai que o homem a alcançou.

_Moça sua carteira caiu!

_Meu Deus! Falou ela começando a chorar.

_A senhora está bem!

_Sim! Desculpe-me.

_Tenha um bom dia!

_Obrigado! Respondeu ela trêmula.

Meu Deus o que minha mãe faz. Pensou Cláudia.

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Existem mães que sofrem do “Mal de Munchauster” que faz com que elas provoquem acidentes com seus filhos para que os outros tenham pena delas, sempre são acidentes físicos, parece que esse mal podia ser renomeado para designar os acidentes psicológicos e emocionais provocados por aquele que deveria nos proteger sempre.

Todos nós nos preocupamos com a influencia dos desencarnados e nos esquecemos da influencia dos encarnados, que pode ser por vezes muito pior, que a de nossos irmãos desencarnados, pois esses para aqueles que não possuem as mediunidades de vidência e audiência, não poderá nem ouvi-los e nem vê-los. Isso de certa forma é uma imensa vantagem, pois se imaginar só, poder ouvir e ver algo sem que outros o estejam atormentando é uma benção.

Algumas pessoas agem como verdadeiros carrascos emocionais de outros irmãos e algumas vezes nós mesmos nos vemos em posição de algozes, quando:

*Ao encontrar uma amiga mais gordinha, vamos logo dizendo: _ Menina como você engordou? Se ela estiver equilibrada e feliz tudo bem, talvez seu comentário não tenha importância; ou ela pode estar mal e você perder a amiga.

Se não houver nada de bom a dizer, cale-se!

*Alguém chega a sua casa para pedir voto para um candidato. Você logo declara todos os erros e mazelas daquele político, fica nervosa, estraga o estômago, a pessoa fica chateada com você, o político nem toma conhecimento de sua existência e você deixou de fazer um amigo. Sua resposta franca e direta poderia bastar: _ Olha meu amigo! Eu já tenho candidato. Simples, sincera e sem se desgastar.

*Um evangélico bate a sua porta domingo pela manha, você nem acordou direito. Logo pensa que povo abusado. Não vou sair, mas eles insistem e você então vai atendê-los com a bíblia na mão pronta para brigar. Ao se aproximar elas vão logo dizendo: _ Bom dia irmã! E você respira e responde: _ Vocês não têm mais o que fazer? Elas riem e sem graça respondem: _ Nós só queríamos falar com você sobre Jesus? E você irritada responda: _Acaso acham que eu não conheço Jesus, saiam logo daqui. E elas se vão.

Neste terceiro caso eu posso afirmar sem medo de ofender que essa irmã não conhece Jesus, pois Ele jamais faltou com a educação Ele foi só amor para com o próximo.

Seria diferente se ela fosse atendê-la e dissesse: _ Bom dia irmãs, desculpe-me, mas eu já tenho minha opção religiosa, obrigada pelo carinho de virem em minha casa, bom serviço, vão com Deus.

Não foi rude, usou de educação e foi caridosa para com aquelas senhoras, além disso, deu o exemplo e mostrou que apesar de não seguir a mesma religião não se esqueceu dos ensinamentos do Cristo e o que é mais importante sabe vivê-los.

Mas o melhor de tudo isso é que não sofrerá qualquer influencia, as senhoras saem felizes e ela não se indispôs com ninguém, salvaguardou sua saúde física, emocional, psicológica e espiritual.

Quando formos atacados por alguém lembremos sempre que ele está enfermo e que Deus dá mais aquele que pode mais.

E não permitamos que nossos irmãos enfermos nos atinjam com seu ceticismo, mau humor, com sua visão sempre centrada no mal, suas criticas ferozes, seu azedume, enfim com sua doença.

A influencia existe, mas somos nós que a aceitamos sempre.