XVIII - AMIZADE

Claudia e Nair eram amigas desde que nasceram, pois suas mães eram amigas e elas estavam sempre juntas e assim a amizade entre as meninas se deu de forma natural.

As meninas cresceram e a amizade cresceu junto com elas e ficou tão grande, que Cacau (apelido de Claudia) pensava e Nana (apelido de Nair) falava, de tão forte que era a sintonia entre ambas.

Era uma sintonia fina, elas estavam sempre juntas e gostavam das mesmas coisas, Claudia casou 1º e Nair foi à vela.

Claudia ficou inconformada com o fato de Nana ainda não ter encontrado o seu príncipe encantado e então lhe apresentou o cunhado que havia chegado recentemente do exterior, depois de uns meses eles se casaram para felicidade de Claudia, pois agora elas estariam ligadas, inclusive seus filhos.

Elas iam juntas ao supermercado, moravam no mesmo bairro e uma ajudava a outra com: a casa, os empregados, os filhos, babás e todo o tipo de serviço.

Elas trabalhavam no mesmo prédio da justiça, uma no 4º e a outra no 2º andar.

A amizade era até motivo de piada, pois a sintonia entre as duas era grande a ponto do pessoal dizer que se Cacau espirra-se Nana sabia.

Para os esposos, aquela harmonia era uma paz imensa, uma tranqüilidade e uma grande alegria, pois elas estavam sempre alegres, resolviam qualquer problema, ou seja, eles quase não tinham trabalho ou preocupação com os problemas do lar, pois tudo elas resolviam.

O tempo passou e um dia as duas almas gêmeas se desentenderam para desespero de toda a família.

_ Eu não quero mais vê-la. Dizia Cacau.

_ Não tenho mais disposição para falar com ela. Dizia Nana.

E os familiares fizeram de tudo para uni-las, mas nada resolvia. A família, os amigos, os colegas de trabalho todos se mobilizaram para acabar com aquela intriga, mas nada demovia as duas.

Até que André (esposo de Claudia) teve uma idéia, então ligou para Pedro (esposo de Nair) e marcou um encontro em lugar neutro para falar-lhe sobre.

_ Vamos fingir que elas morreram.

_ Como? Perguntou Pedro.

_ O negócio é o seguinte: Você vai dizer para Nana que a Cacau morreu! E eu vou dizer para Cacau que a Nana morreu! Entendeu?

_ Mais ou menos.

_ Assim que elas perceberem que estão afastadas para sempre a ficha cai e acaba esse sofrimento.

_ Mas, isso não será perigoso?

_ Nós vamos combinar com todo mundo e no domingo a gente faz o teatro.

Depois de avisar a todos do plano, ele foi posto em pratica com a colaboração de todos.

_ Cacau sente-se! Disse André.

_ O que houve?

_ A Nana morreu esta manhã e eu gostaria de saber se você vai querer ir ao velório?

_ Como?!! Perguntou Cacau já quase desfalecendo.

No mesmo instante o mesmo ocorria com Nana. Elas choravam, gritavam, vomitavam e pediam para que Deus não permitisse que aquilo fosse verdade. Rapidamente elas se vestiram para ir ao velório, ambas amparadas pelos maridos, que já temiam perder suas esposas, na porta da funerária estava o resto da família esperando e orando para que aquela idéia terminasse bem.

Quando as duas se viram, se abraçaram, choram por um tempo antes de compreender o que realmente tinha acontecido, brigaram um pouco, mas acabaram agradecendo a oportunidade de renovarem suas amizades.

As duas nunca mais brigaram e continuam sendo motivo de piada, pois os amigos sempre dizem que neste dia a sintonia falhou.

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A amizade é uma de nossas grandes conquistas, mas às vezes só percebemos a falta que um amigo nos faz, quando este não esta mais entre nós.

Sentimos sua falta, sua palavra sempre caridosa, seu jeito de nos dizer algo difícil, sua maneira de nos ajudar, sua alegria, sua companhia, a bagunça festiva, a risada marcante, o sarcasmo, tudo é especial.

E amigo pode ser qualquer um: o pai, o vô, a tia, o primo, uma colega, um vizinho, alguém que a gente conheceu; mas não pode ser qualquer amigo; Porque amigo é aquele com quem a gente pode contar sempre, com quem a gente pode desabafar, com quem a gente divide as dores e as alegrias.

Todos nós temos amigos aqui e no outro plano da vida. São eles que nos sustentam na hora da dificuldade, das provações e expiações. Eles nos inspiram animo, coragem, resignação, paciência, compreensão, mas sempre seremos nós que decidimos se ouvimos ou não os bons conselhos que eles nos dão.