XVII - O TEXTO DO OUTRO

Eu vou lhes contar a história de um texto, é isso mesmo, um texto que preparei para uma Aula Inaugural. Aula de inicio de módulo, fizemos um texto para quebrar o gelo, preparar o espírito para um recomeço, ou seja, novo inicio, até ai tudo bem.

Depois de escrito, resolvi fazer alguns testes, dei o texto para várias pessoas lerem, apesar do texto ter um nome bem sugestivo, todo mundo que lia pedia uma cópia para levar para outra pessoa.

_ Meu Deus! Foi Deus que fez você parar aqui e me dar esse texto para ler. Disse uma jovem.

_ Por que você diz isso? Perguntei.

_ Porque isso era tudo o que eu queria dizer para a minha irmã, mas não sabia como. Finalizou a jovem.

_ Meu pai precisa ler isso, assim ele vai parar de implicar comigo. Obrigada, viu tia! Disse uma moça de 22 anos. Com essa idade e considerando que sou a mais velha em minha casa ela não poderia ser minha sobrinha, mas tudo bem.

_ A minha esposa precisa ler isso. Disse um senhor depois de ler o texto.

Depois dessa experiência comecei a ficar preocupada com o texto, pois ele parecia não estar atingindo o seu objetivo.

Assim mesmo resolvi ver o que vocês acham do texto, leiam a partir do título, por favor!

EU

Ao abrir um livro, deparei-me com uma oração que conheço bem e que vocês devem conhecer também – a da Serenidade, que diz assim: “Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as coisas que posso mudar e sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.

Até aí, tudo ia bem, mais de repente o autor escreveu uma nova versão para a oração da serenidade, e ela era assim: “Que Deus me dê serenidade para aceitar as pessoas que não posso mudar, coragem para mudar a única que posso mudar e sabedoria para saber que... sou eu!”

E o pior ainda estava por vir, ele dizia que a gente precisa assumir a responsabilidade de mudar, e que ela é de cada um de nós. Só eu posso mudar a mim mesmo, só eu tenho a chave que guarda a minha felicidade.

Não dá mais para dizer que a culpa é dos nossos pais, que quem começou a briga foi ele, que nós somos assim porque Deus quer, gente ele acabou com as nossas muletas e ainda disse que temos que usar as nossas próprias pernas, e agora?

É como na pintura feita por um grande artista, onde o senhor Jesus bate a porta sem fechadura, deixando claro que Ele só entra se for da vontade do dono da casa.

Estamos sempre culpando alguém, algo, alguma situação ou até mesmo Deus pelas coisas que nos acontece, não é?

Nós, você, eu, todos somos os únicos responsáveis, quer ver? Preste atenção nessas historinhas:

“Seus pais não lhe deram estudos, aos doze foi morar em casa de família cuidando dos filhos dos outros, depois de seis anos pediu permissão a dona da casa para estudar a noite, se formou e se tornou juíza, nunca ficou se perguntando “por que eu”, “é culpa desse ou daquele”, simplesmente transformou os limões que a vida lhe deu em limonada”.

"Ela trabalha fixo em três locais, às 5:00 da manha limpa um salão; às 6:00 lava, passa e limpa um apartamentinho de um jovem rapaz; às 8:00 se apresenta em uma casa de família, onde trabalha até as 12:00; de 2:00 às 5:00 h da tarde de segunda a sábado faz faxina em várias casas, tudo isso para sustentar os três filhos que deixa em casa trancados até a hora do almoço quando chega e os leva para a escola. Ao ouvir esta história um jovem disse: _ Deve ser muito triste essa mulher! Qual nada essa senhora tem por companheira inseparável a alegria, e todos já podemos assegurar que sua vitória está próxima”.

Todos os dias vemos exemplos de pessoas iguais a nós, que lutam, que vencem, que fazem a diferença, simplesmente porque tiveram vontade de mudar.

Onde, quando e por que, só nós podemos dizer, porque só nós podemos nos mudar.

Esse texto pode no máximo aquecer seu coração, assim como todas as verdades ensinadas aqui, mas você pode sair daqui e ficar por isso mesmo, ou pode exercitar o seu “QUERER” e “MUDAR”, tudo? Não só VOCÊ, ou melhor, EU. Porque afinal de contas só EU posso mudar EU MESMO!

Pense nisso, hoje, amanhã e depois de amanhã, até conseguir fazer a diferença ou se preferir até aceitar que o convidado que bate a porta entre, porque com certeza a ele ninguém fica indiferente.

O QUE VOCÊ (eu) QUER (o) MUDAR EM VOCÊ (mim) NESTE NOVO ANO? Proponha e busque os meios. Não sejamos a vitima, não botemos a culpa no outro e não protelemos o inicio de nossa jornada intima, comecemos já!

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Parece que não faltou clareza no texto, mas as pessoas acham mais fácil reformar os outros que a si mesmo (talvez eu também ache isso afinal de contas estou repassando este texto em um site, mas se isso for verdadeiro ninguém mais poderá escrever sobre reforma intima).

É o marido que exige da mulher que ela se organize.

É o filho que exige que os pais o compreenda.

É a mãe que quer que a filha haja como ela.

É o pai que não aceita o filho homossexual, porque isso fere seus princípios.

É o irmão que quer que o outro lhe dê mais espaço, que não se intrometa em sua vida.

É a avó que deseja que os netos apareçam mais.

É todo o mundo querendo que alguém haja segundo sua vontade, do seu jeito, conforme suas regras, seus padrões e seu ponto de vista.

É o marido que não deseja o divórcio que quer que a esposa volte a amá-lo.

O Pai que não aceita a tatuagem do filho, seus cabelos compridos, sua roupa larga, seu jeito caseiro, sua forma de estudar com o som na maior altura.

E a sociedade que não aceita o diferente, que reprime, que inibe, que põe de lado, que deixa de fora.

O outro que só critica, que não educa, que não ensina, que não diz que o corpo é importante, que é um santuário divino, nossa ferramenta de progresso, que um dia teremos que dar conta do que fizemos com ele, mas para este é mais fácil criticar, porque de critica ele entende.

Sou eu que possuo todos esses defeitos e que tapo os olhos para não vê-los, porque quando eu os enxergo sou obrigada pela minha consciência a mudar.

Tudo na vida sempre começa por mim. Somos sempre: o “eu em mutação”, não o outro.