XV - Os pais

José era um homem que só tinha o quarto ano primário, não possuía religião alguma, mas confiava em Deus, era um homem de princípios e ensinava os filhos com energia e muito amor.

Os filhos de José acordavam cedo, tinham horário para estudar, tinham que ajudar a mãe nas tarefas do lar, não podiam falar palavrões, isso era algo que José com seus quase 50 anos jamais havia falado.

Quando um de seus filhos chegou em casa com um lápis, no outro dia José estava à porta da escola para saber de quem era o lápis, pois se não lhe pertencia porque ele estava com ele; depois de tudo esclarecido, o moleque levou uma surra para entender bem a lição: "se não é meu não me pertence, não posso pegar".

Quando as filhas se tornaram moça José as chamou para uma conversa, mais ou menos assim:

_ Vocês agora se tornaram moça, são bonitas e logo haverá um fila de rapazes querendo namorá-las.

_ O que o senhor deseja papai nos dizer? Perguntou a filha mais velha.

_ Que vocês têm grande responsabilidade para com o seu corpo e para com o que realizarem com ele.

_ Como assim? Perguntou a mais jovem.

_ O corpo nos é dado por Deus e penso que quando morrermos teremos que prestar contas para com dele.

_ Sim, isso o senhor já nos ensinou.

_ Há também outras regras, como a responsabilidade para com o que fazemos, se dormirmos com alguém há a possibilidade de uma gravidez, se fizermos tatuagens sabemos que mesmo sendo pessoas de bem alguém poderá nos confundir com um bandido pela sua ignorância e pelo hábito que temos de julgar pelas aparências. Perceberam minhas filhas que nessa nova fase da vida de vocês há grandes responsabilidades. Para com o Pai que lhes emprestou o corpo, para comigo que as eduquei e para com vocês mesma, pois o corpo vos pertence.

_ Sim, senhor nós entendemos.

Passado alguns anos a filha mais velha de seu José apareceu grávida e ela tinha que enfrentar com coragem o pai e sua severidade.

Quando Ana foi contar ao pai temeu a surra, pois com certeza seu pai não ia deixar barato aquela falta.

Quando Ana contou para o pai sua situação a primeira reação dele foi a de lhe dar um abraço e dizer que naquele momento abraçava dois seres muito especiais.

Ana chorou, pois se sentiu plenamente amada. Em seguida seu pai buscou saber o que ela e o rapaz fariam e eles disseram que gostariam de se casar e assim seu José providenciou tudo.

Em um outro lar, seu Antônio homem severo, que possuía o segundo grau completo, era espírita de nascimento, renomado palestrante espírita, conhecedor de claras e cristalinas verdades.

Educava os filhos com mão de ferro, ex-militar aposentado, falava aos filhos com energia e todos o temiam.

Quando sua filha se tornou moça logo tratou de rezar o rosário para ela, se fizer algo que desaprovo eu a mando para a rua.

Sua esposa muito doente pouco contribuíam para a harmonia do lar, triste, depressiva, omissa em muitos momentos, tudo isso a debilitava cada vez mais.

Sua filha influenciada por amigos fez uma tatuagem de rena, que sai depois de 15 dias, isso foi o suficiente para que ele a expulsasse de casa, a esposa, os filhos e suas rogativas nada o demovia de sua ação.

A menina foi para casa de amigos, onde foi atendida com carinho e amor, adotada por eles lá permaneceu até o seu casamento.

Reequilibrada a jovem reconheceu a incapacidade do pai de entendê-la e o perdoou.

***

O amor redime uma multidão de pecados, um segredo dividido com o homem a mais de 2000 anos atrás e assim mesmo todos os dias, nós vemos a nossa volta a ignorância e o desamor, e o mais triste e percebermos que esses atos estão sendo praticado pelos nossos anjos guardiões encarnados: nossos pais.

Aqueles a quem Deus nos tutelou, deu autoridade para nos ensinar o caminho correto da vida, para nos instruir de forma amorosa e justa.

E Deus não desampara esses pais, pois além do que diz a bíblia, e a própria Doutrina Espírita que é clara e objetiva, há avanços na área da ciência como a: psicologia, psicoterapia, sociologia, medicina, e muitas outras ciências que tratam do comportamento humano.

Além de tudo isso há os nossos anjos guardiões, que nos tutelaram enquanto filhos e que nos inspiram enquanto pais, irmãos, filhos, parentes e amigos, para que nos tornemos cada vez melhor.

A espiritualidade trabalha incessantemente para o nosso bem, para que possamos estar cada vez mais preparado para as provas da vida.

Para que diante de toda e qualquer dificuldade, nós possamos responder sempre com o amor, esse instrumento que desarma qualquer um, que encoraja os que caem, que levanta os que não possuíam mais esperança, que modifica até a pior criatura, que transforma todos os seres.

O grande convite de Jesus continua de pé e mais forte do que nunca, mais inspirador e muito mais profundo: AMEMO-NOS!