O GOLPE
O GOLPE
(Zésouza)
Levantou cedo, tinha que se virar. Vestiu a camisa, pegou o bilhete de loteria e rumo a estação rodoviária, atravessar a cidade; três quilômetros a pé.
Calmo, olhando o movimento para escolher o fregues:
- Bom dia... Dá licença?... Tô indo pra Porto Alegre que minha filha tá mal...Este BILHETE TÁ PREMIADO... Tem um mundo de burocracias ( frescuras), tem que abrir conta, esperar três dias...MIL REAIS... Minha filha ta doente... O premio é MIL; MIL REAIS...
- Eu compro...Pago com cheque... Pago DUZENTOS... Só DUZENTOS...
- Tá... Eu fico no prejuízo...DUZENTOS.
Cheque na mão, vai ao banco no centro da cidade quase dois quilômetros a pé. O caixa pega o cheque, examina, digita e:
- Esta conta tá fechada há cinco anos...
Volta para estação rodoviária. Tem que ter calma. Escolhe o fregues:
- Tava trabalhando numa fazenda... Recebi em cheque...O fazendeiro é muito rico... Não conheço a cidade...Tô com pressa de ir embora...Eu moro em Piratini, lá não tem esse banco... O senhor troca o cheque????????
- Cheque... DUZENTOS... Dou CINQUENTA...
- Só?... Fico no prejuízo...
- CINQUENTA ou nada...
Pega os CINQUENTA vai ao mercadinho faz a compras a moça do caixa examina a nota e diz:
- É falsa.
Vai ao boteco na beira do rio; vende cachaça e faz jogo do bicho.
- O que eu compro com CINQUENTA pilas?
O botequero examina a nota, ri:
- Nada... Esta nota é falsa...
- Pô batalhei o dia inteiro... Dá uma força ai... Tô com fome...
- Uma dúzia de ovos...
Fez fogo, botou a frigideira, despejou óleo, quebrou o primeiro ovo; PODRE, o segundo; PODRE...
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