A Noiva da Praça

Isabela tinha 22 anos, era uma mulher romantica, sonhadora e apaixonada pelo namorado Gabriel, namorava há cinco anos e ia se casar com seu grande e primeiro amor. Ela sonhava com o dia do casamento, o vestido de noiva já estava pronto, branco e cheio de pérolas, há dois meses fez umas luzes clarinhas no seu cabelo loiro natural, o apartamento já estava montado, ela era a mulher mais feliz do mundo. Isabela tinha uma irmã de 24 anos chamada Beatriz, ela tinha os cabelos escuros e os olhos verdes e era formada em Direito, diferente da irmã, ela era forte, determinada e não sonhava em casar.

Gabriel era alto, magro, cabelos e olhos castanhos, professor de história charmoso e inteligente, tinha 27 anos e amava Isabela, achava que ela seria uma ótima mãe e esposa e ela mesma tinha dito a ele que nasceu para amá-lo portanto não ia trabalhar queria dedicar toda a sua vida para cuidar dele e dos futuros filhos. Isabela era muito sonhadora e não havia dúvidas de que ela o amava com todo o seu coração. Todos os dias ia visitá-la em sua casa e ficavam juntos, ás vezes ele achava que seria melhor a noiva procurar um trabalho, mas ela sempre dizia não, admirava a irmã dela Beatriz, era inteligente e batalhadora e muitas vezes os dois conversavam vários assuntos que Isabela não entendia, não que fosse burra, mas ela só gostava de assuntos domésticos e familiares. Isabela em um mês antes do casamento precisou viajar para o Rio de Janeiro pois queria passar a Lua de Mel em Parati e queria conhecer o lugar antes, não queria que nada desse errado. Ela avisou o amado e disse que ia ficar uma semana para conhecer tudo e ele concordou.

Isabela estava há uma semana e ligou avisando que ia precisar ficar mais uma semana pois ia fazer um curso de artesanato de graça e Gabriel concordou. Enquanto isso ele visitava a família e conversava com a irmã, eram muito amigos e tinham afinidades, Beatriz o convidou para jantar e ele aceitou. Na noite que saíram ela se produziu toda em seu vestido curto vermelho e estava linda maquiada e eles se encontraram no restaurante e Gabriel ficou admirado de como ela era bonita. Os dois jantaram, beberam vinho, conversa vai, conversa vem, alguns elogios e finalmente os dois confessam o interesse muto e resolvem ir ao motel e se entregam um ao outro com muito desejo. No dia seguinte, eles acordaram e souberam que não podiam mais evitar o que sentiam um pelo outro e resolveram levar a situação adiante.

Nesse mesmo dia, Isabela chegou da viagem e todos se reuniram na sala e ela percebeu como Beatriz e Gabriel estavam calados, dali 2 semanas era o seu casamento. Chegou o grande dia e Isabela ficou o dia todo arrumando-se, todos já estavam na igreja e o noivo também não tinha chegado e nem Beatriz, Isabela estava do lado de fora da igreja no carro e resolveu entrar, mas quando entrou sob a marcha nupcial seu futuro esposo e a madrinha não estavam ali, ela andou até o altar e todos se olharam e ela resolveu esperar achando que eles haviam se atrasado, algo tinha acontecido e depois de 25 minutos de espera uma criança entra com uma carta destinada a Isabela do seu futuro esposo que diz" Querida Isabela não poderei me casar, estou apaixonado por outra, me perdoe, Adeus, Gabriel". Quando ela leu a carta desmaiou no altar e todos acudiram e lamentaram pela situação ocorrida. Depois desse dia Isabela acabou deprimida, guardou o vestido de noiva e não saía mais do quarto, já sabia que Gabriel tinha a deixado para se casar com a irmã em São Paulo, ela estava em São Carlos. Depois de um mês ela soube do casamento dos dois e não tirava o luto, todos a consolaram, mas ela apenas virou uma morta viva, era muito dor para o seu coração e durante cinco anos tinha dado tudo de sí a Gabriel e o que pensar de sua irmã que tinha roubado seu noivo? agora, ela ligava os fatos, eles sempre se gostaram bem abaixo do seu nariz e pensava tanto que acabava chorando muito, não comia, não saía de casa, não fazia nada. Em um dia acordou e se arrumou bem bonita, fez o cabelo, colocou o vestido de noiva, estava magra mas bonita e saiu e foi até a praça e lá passou á tarde, todos viram a noiva abandonada na praça e depois daquele dia durante seis meses Isabela era a Noiva da Praça, todos da cidadezinha se entristeciam por ela e achavam um deperdício uma moça bonita e jovem acabar por morrer de tristeza.

Enquanto Isabela amargava em ser a noiva abandonada da praça, Beatriz e Gabriel estavam a espera de seu primeiro filho, eles se amavam e nunca mais pisaram na cidade pois sabiam que todos os consideravam maus, sem caráter, principalmente Beatriz que era conhecida como uma bruxa, uma vadia que tinha roubado o noivo da irmã. Eles não tinham contato nem com os pais de Beatriz, eles sabiam de como Isabela estava mal e sentiam-se culpados principalmente Beatriz, não havia sido honesta com a irmã e ela sabia que ela respirava Gabriel, a vida dela era ele e ela nunca achou saudável aquele tipo de sentimento de Isabela e não sabia como concertar as coisas. Ela pensou e escreveu cartas para Isabela que nunca foram lidas, sempre voltava ao remetente e ela ficava triste, nunca teria perdão da sua irmã, já tinha o perdão de seus pais, mas Isabela a odiava.

Isabela continuava com sua rotina de ser a noiva abandonada da praça e sua mãe a tinha proibido de sair daquele jeito, dizia que ela precisava reagir, mas Isabela respirava Gabriel e jamais iria se conformar, sentia-se mal, era uma mulher que não sabia se valorizar, entregou sua vida nas mãos de um homem e exigia que ele fosse seu, mas quando comparava com a sua irmã se sentia pior ainda, ela era seu oposto e ainda levara seu noivo embora e chorava na praça desconsolada. Não deixava ninguém se aproximar dela, vivia de luto, estava se acabando, ficando feia, estava cheia de ódio, dor, mágoa, luto e inveja. Uma vez caiu uma forte chuva e ela ficou horas ali naquele banco chorando e as lágrimas iam se misturando com a água da chuva, chorou tanto que desmaiou. A ambulância chegou e levou Isabela para o hospital e um médico cuidou dela, mas ela recusava-se a se tratar, estava doente e fraca e com pneumonia. Ficou internada, mas não se ajudava. Sua irmã foi visitá-la com um barrigão de oito meses e chorou e pediu perdão, mas Isabela se recusava a perdoar e estava muito doente e então em um dia que ela estava muito mal, chamou Beatriz e disse: __Nunca vou te perdoar, você tirou a unica coisa que eu amava e destruiu a minha vida. Você tinha tudo e eu só tinha a ele, você me matou, não tenho mais nada. É uma ingrata e eu te odeio e vou te odiar para sempre e saía já do meu quarto. Beatriz chorou muito e foi embora desconsolada e retornou para São Paulo.

Dali uma semana Isabela morreu e foi enterrada com seu vestido de noiva. Todos se lamentaram e Beatriz tinha certeza que tinha matado a irmã. Ela começou a surtar, culpar-se e perdeu o bebê e Gabriel estava cansado dos chiliques dela, depois de três meses da morte de Isabela, eles haviam se separado e cada um com uma parte da culpa pela morte de Isabela.

Os moradores da praça de São carlos contam até hoje que Isabela sempre aparece á meia noite vestida de noiva na praça, quem vê-la dizem que não se casa e assim Isabela virou uma lenda na cidadezinha.

Anna Azevedo
Enviado por Anna Azevedo em 25/11/2009
Reeditado em 25/11/2009
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