VIII - Renuncia

Ângela Castro era uma jovem de 26 anos de idade, bela como ela só, sorriso maroto, carisma sem igual e ainda solteira, ninguém podia acreditar.

Ângela sonhava todas as noites com um homem belo, moreno, que parecia viver só em seus sonhos.

O moço de seus sonhos sempre estava acompanhado por duas crianças um menino e uma menina, e alguém sempre perguntava se ela seria capaz de amá-los como se fossem seus. Ângela sempre pegava a menina no colo e dizia que sim.

Thiago era casado, pai de um menino chamado Alex de dois anos e sua esposa Ana esperava uma menina.

Durante o oitavo mês Ana sentiu as contrações do parto e não teve dúvidas correu para o hospital, a pequena Clarinha iria nascer e não queria esperar nem mais um minuto. Alguns minutos depois Clarinha nasceu pré-natura, mas bem, saudável e perfeita.

Thiago estava radiante pois a família estava completa, beijou Ana entusiasmado, ela sorriu e disse para ele que já havia cumprido sua missão, pois havia lhe dado filhos lindos.

_ É! Você é mesmo uma guerreira! Você esta bem? Perguntou Thiago notando a esposa amarela.

_ Sim! Estou com um sono irresistível! Amo-te. Cuida das crianças que eu acho que vou dormir um pouco.

Nisso entra no quarto a sua sogra Alice com algumas de suas filhas e logo percebe que há algo de errado com a nora.

_ Ana acorda! Diz Alice sacudindo de leve a mão da nora.

_ O que houve, mamãe? Ana está com sono, por que acordá-la? Perguntou Thiago.

_ Vá chamar o médico, pois Ana não está bem! Disse Alice pedindo para que todos saíssem.

Assim que Alice ficou só no quarto percebeu que era tarde demais e que Ana já estava partindo, imediatamente elevou o seu pensamento ao Criador e pediu por Ana, para que Aquele que muito Ama a recebesse em seu infinito amor.

Quando o médico entrou no quarto não havia mais o que fazer Ana estava morta.

O velório se realizou na casa da família e todos da repartição foram chamados para a cerimônia.

Ângela Castro não conhecia Thiago apesar de trabalharem no mesmo órgão do governo. Assim que o viu sentiu por ele algo especial e quando o abraçou compreendeu que ele era o homem com quem ela sonhara a vida inteira, ela o havia encontrado finalmente, mas que situação triste para ele e para ela também.

Passaram se meses até que eles se encontrassem de novo. Quando Thiago viu Ângela pela segunda vez, precisava de uma esposa desesperadamente para poder cuidar de seus filhos para que ele pudesse trabalhar e continuar com as crianças, pois a sua sogra ameaçava tomá-los dele.

Sentaram-se na mesa para almoçarem e ele lhe contou o que estava acontecendo e ela ficou sensibilizada com sua história.

À noite Thiago convidou Ângela para sair e levou junto seu filho Alex, ficou dando voltas com o carro até que tomou coragem e pediu Ângela em casamento e ela aceitou.

Ela tinha certeza de que ele era o homem que Deus lhe mostrava todas as noites e as crianças seriam seus filhos muito amados. Deus ia lhe dar uma família completa e ela já os amava.

Ângela se casou, mas Thiago não estava pronto ainda para ter uma mulher e durante dois anos ela esperou pela lua-de-mel.

Cuidou das crianças com amor e desvelos de mãe, ambos lhe chamavam de mãe e a pequena Clarinha só conhecia ela como mãe, Alex dizia de vez enquanto mãe dois, hábito que desapareceu com o tempo.

Vencido o prazo para ela ficar com as crianças, Ângela pediu dispensa do serviço público, do qual já era funcionária a mais de 15 anos, para cuidar das crianças em período integral, pois o pequeno Alex apresentava um pouco de rebeldia, que ela transformou com seu amor e doçura.

Hoje as crianças já são jovens e reconhecem todo o amor e renuncia realizados por Ângela, que nunca quis ter outros filhos (seus – nascido de suas entranhas) temendo não amá-los com devia, abriu mão da carreira promissora que o serviço público federal lhe proporcionava, deixou muitas vaidades para atender as crianças, o esposo e o lar e era grata a Deus pela realização de um pedido, o seu útero havia virado e com isso o médico dissera ser praticamente impossível que ficasse grávida, considerou toda a sua vida até hoje um grande milagre. E sempre que conta essa historia não há quem não fique com lágrimas nos olhos.

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Muitas vezes somos chamados a realizar algo ou alguma coisa por alguém, mas sempre somos nós os maiores beneficiários de nossos atos de amor e renuncia.

Ela foi convidada e não pestanejou, e nós como será que agiremos diante dos convites que a vida nos faz?

Muitas vezes com indiferença, outras vezes com revolta, e raras vezes com amor, o ingrediente fundamental para o sucesso.

Existem coisas simples que todos nós podemos fazer todos os dias como: acordar de bom humor; dizer bom dia àqueles que nos cercam seja em casa, na escola, no trabalho, na comunidade ou nos nossos locais sagrados, onde vamos louvar o Senhor; sorrir; socorrer alguém que cai na rua; ajudar um bichinho machucado; arrumar sua cama; ajudar com bom ânimo aqueles que o cercam; tornando assim tudo a nossa volta melhor e quem sabe possamos mudar o mundo que nos envolve.

Você é capaz de fazer algo bom pelo seu próximo, mesmo que para isso você tenha que abrir mão de pequenos privilégios. Então, parabéns! Pois você é capaz de renunciar, que é a prova cabal do AMOR.