VI - Bendita enxaqueca

Cecília sofria com dores de cabeça atrozes, sentia dores pelo corpo provocadas por uma fibromialgia, havia feito inúmeras cirurgias, era um sofrimento difícil.

Ela já estava com 45 anos de idade e já não suportava mais as dores, e agora era acometida de um ressecamento nos órgãos genitais, que lhe impedia de ter relações sexuais com o marido, tornando assim o relacionamento mais difícil, pois José não entendia a sua indisposição.

Além de tudo isso ela ainda era acometida por um diabetes difícil de controlar, Cecília não era muito disciplinada o que tornava cada vez mais difícil.

Espírita já de longa data, conhecia uma pouca a lei de causa e efeito, e como não encontrava explicações médicas condizentes com o seu sofrimento buscou estudar a doutrina e vivê-la, mudou sua sintonia mental tornando as dores mais amenas.

Certo dia sobre fortes dores de cabeça pediu a Deus, que por misericórdia a levasse dali. Internada pela família em um hospital particular, fora medicada com tudo que havia de mais forte para o tratamento da enxaqueca, mas não respondia ao tratamento forçando o médico a anestesiá-la.

Uma vez anestesiada sentiu o espírito sair do corpo e se viu em um lindo jardim num castelo inglês, suas vestimentas denunciavam uma época remota, a peruca denunciava a sua nobreza, mas adiante percebeu que duas jovens a esperavam para o chá da tarde. Ao aproximar-se reconheceu de imediato sua filha desta vida, a outra jovem não soube dizer quem era.

Animadas elas conversavam, em seguida Cecília chamou a serva para servi-las, ao que foi logo atendida.

Carmem era uma espanhola que trabalhava como serva no castelo, sentisse maravilhada com o jardim e tudo lhe parecia belo, para ela era um honra servir aquelas pessoas. Possuía uma beleza natural, tinha uma tez morena que contrastava com a brancura daquelas damas empoadas, seu sorriso era radiante e seu olhar brilhava como duas pérolas negras, era feliz.

Carmem caminhava em direção da mesa quando tropeçou e com isso fez com que um pouco de chá preto caísse sobre o vestido da filha da nobre senhora, que ficou indignada.

_Mamãe ela manchou o meu vestido novo! Grita a mocinha.

_ Vou castigá-la! Dizia a senhora.

_ Perdoe-me senhorita! Implorava Carmem, imaginando que o castigo fosse a expulsão do paraíso, pois era assim que ela via a vida no castelo.

_ Prendam-na e dê-lhe uma boa surra! Ordenou à senhora aos guardas.

Carmem até ficou feliz afinal de contas talvez à senhora não lhe mandasse embora. Mas estava errada e dolorosa seria a sua prova.

O espírito de Cecília que observa os seus atos como senhora, agora acompanhava a serva até o calabouço, onde foi capaz de entender toda a extensão de seus atos.

O servo que tomava conta do calabouço não tinha escrúpulo nenhum e ouvidas as ordens achou-se no direito de dar-lhe um tratamento rigoroso.

Primeiro abusou de seu corpo ferindo-a, dilacerando suas genitálias, depois a colocou em um instrumento que esticava o corpo provocando dores atrozes.

Cecília mal podia olhar tão grande era a repulsa que a cena lhe causava. Mas o mais doloroso ainda estava por vir e não era a dor que os olhos de Carmem expressavam, mas sim a sua figura de senhora descendo as escadas para dizer ao chefe que o que fizesse estaria bem feito, pois ela não desejava mais ver aquela serva, selando assim o destino de Carmem. Cecília sentiu vontade gritar, sacudi-la em seu corpo, desejou voltar não ver mais nada.

Um choro copioso lhe fez voltar-se para Carmem, que agora além de esticada recebia pequenas agulhadas, que lhe penetrava a carne fazendo pequenos furos em seus órgãos internos. Cecília percebia que no local onde cada agulha penetrava em Carmem ela tinha uma marca cirúrgica.

Por fim o algoz armado por sua mão de senhora jogou azeite quente da cintura para baixo a temperatura altíssima do azeite fez um furo no abdômen de Carmem expondo-lhe os órgãos internos daquela região. Cecília não possuía útero, durante suas gravidez sofrera muito, sendo a de sua filha a mais dolorosa.

Cecília ajoelhou-se, chorou e orou, e viu quando o espírito da pobre Carmem fora levado por seres luminosos.

Despertada no leito do hospital, sentiu-se fortalecida e sentida chorou, percebia naquele momento toda a razão de seus sofrimentos e em prece pedia a Deus força para suportá-los, ainda com a imagem da jovem serva retida em seu pensamento, lembrou-se que no minuto derradeiro esta orou pedindo a Deus que a socorresse, entendia também o pânico que sua filha enfrentava nos dias atuais. Um pensamento lhe sacudiu de repente quem seria Carmem agora? Mas logo um outro se sobrepôs: _ Não interessa, pois és tu que deve pagar.

Daquele dia em diante Cecília orou e vigiou seus atos e sempre com bom ânimo enfrentava as crises, sempre grata pela dor reparadora, que lhe proporcionava o aprendizado (agora já bem mais amenas).

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Não há regra mais simples, nem Lei tão lógica.

Sinto naquilo que feri, pago naquilo que pequei, perco onde ganhei indevidamente, é a Lei de Causa e Efeito.

Mas jamais poderemos nos esquecer do que nos falou o apóstolo do Cristo: “O AMOR REDIME UMA MULTIDÃO DE PECADOS”.

Somos como prisioneiros que estamos encarcerados em triste prisão, de onde não há possibilidade de fuga nem pelo ar, nem pela terra, nem pelo mar; mas o mais triste é sabermos que possuímos a chave da nossa própria liberdade, e que para sermos livres basta que façamos uma mudança em nosso comportamento.

Essa mudança tem nome e sobrenome, chama-se: Reforma Intima.

Comece mudando de sintonia, buscando orar, para assim conseguir forças para realizar a reforma.

Se falar muito proponha a ouvir mais;

Se viver a reclamar disponha a agradecer e pode começar pela oportunidade da reencarnação, senão for espírita agradeça pela vida terrena;

Se vir só o mal, busque olhar com a perspectiva da justiça Divina;

Nada ocorre no mundo sem a permissão de Deus, e não há sofrimento maior que nossa capacidade de suportar, pois a misericórdia Divina não o permite.

A vida terrena é uma oportunidade de reparação e aprendizado, mas somos nós que decidimos como e se vamos ou não sofrer.

A escolha sempre é nossa. Faça a sua!