Reprises de um filme sem fim!
João acordou cedo...
Desde quando nasceu todo dia mesma coisa: palavrões, gritos, tiroteios...
Agora com 12 pensou muito e chegou a uma conclusão:
“Essa vida não é pra mim!”
Estudou e se formou, arranjou emprego bom e cresceu profissionalmente.
Agora doutor com casa bela e bem localizada, visitava a mãe vez em quando na favela. Ela dizia que lá era seu lar e de lá só sairia num caixão.
E numa dessas visitas de João foi isso mesmo que aconteceu...
Mais uma vez cenas conhecidas de sua infância se repetiram e uma das munições se perdeu do seu destino e encontrou o peito da velha mãe.
De novo João muito pensou e a uma nova conclusão chegou:
“Saí daqui para driblar o sofrimento, mas foi inevitável deparar-me com ele. E o que foi que realmente eu fiz para mudar esta realidade?”
Ao invés de se revoltar, vendeu a casa, voltou pra favela e foi cuidar dos pequenos, ensinando para muitos como era a cara da esperança, um fantasma que assombrava outros cantos e que ali já se tornara lenda.
Ficou conhecido, arranjou esposa, teve um filho, o Junior, um novo João.
O novo João cresceu e um dia pensou que ali não era seu lugar. Estudou, para longe mudou e como o velho João doutor se formou.
E também numa de suas visitas ao pai aconteceu uma reprise e agora seu velho agonizava no chão de tábuas do barraco, com um presente de grego cravado no peito e antes que o ar lhe faltasse e a visão embaçada se apagasse ele agarrou o novo João pelo braço e após muito pensar chegou a sua última conclusão:
-- Filho, eu quis fugir e conheci um mundo diferente. Voltei e descobri que nada mudou! Não importa o tempo que passe, parece que existe uma força maior por aqui ou talvez seja assim mesmo que tudo tenha que ser. Eu sei no que está pensando, pode crer, eu sei! Pensa em voltar e tentar fazer algo de importante para que outros tenham a possibilidade de se encontrarem um dia num mundo melhor, eu sei disto tudo e lhe faço um pedido: continue sua vida longe daqui, constitua família e seja feliz, como eu tentei e acho que fui...
O velho João se foi. O novo João pensou muito, decidiu ficar e acabou formando uma família e...
É, isso mesmo, até hoje a história se repete e a só uma conclusão eu chego:
“Às vezes vale a pena tentar mudar, nem que seja para morrer tentando...”
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Para ver o vídeo relacionado ao texto, clique abaixo:
Reprises de um filme sem fim!
Para ler outros contos clique abaixo:
Conversas dentro do templo do amor
Pressentimento!
Grande abraço!
João acordou cedo...
Desde quando nasceu todo dia mesma coisa: palavrões, gritos, tiroteios...
Agora com 12 pensou muito e chegou a uma conclusão:
“Essa vida não é pra mim!”
Estudou e se formou, arranjou emprego bom e cresceu profissionalmente.
Agora doutor com casa bela e bem localizada, visitava a mãe vez em quando na favela. Ela dizia que lá era seu lar e de lá só sairia num caixão.
E numa dessas visitas de João foi isso mesmo que aconteceu...
Mais uma vez cenas conhecidas de sua infância se repetiram e uma das munições se perdeu do seu destino e encontrou o peito da velha mãe.
De novo João muito pensou e a uma nova conclusão chegou:
“Saí daqui para driblar o sofrimento, mas foi inevitável deparar-me com ele. E o que foi que realmente eu fiz para mudar esta realidade?”
Ao invés de se revoltar, vendeu a casa, voltou pra favela e foi cuidar dos pequenos, ensinando para muitos como era a cara da esperança, um fantasma que assombrava outros cantos e que ali já se tornara lenda.
Ficou conhecido, arranjou esposa, teve um filho, o Junior, um novo João.
O novo João cresceu e um dia pensou que ali não era seu lugar. Estudou, para longe mudou e como o velho João doutor se formou.
E também numa de suas visitas ao pai aconteceu uma reprise e agora seu velho agonizava no chão de tábuas do barraco, com um presente de grego cravado no peito e antes que o ar lhe faltasse e a visão embaçada se apagasse ele agarrou o novo João pelo braço e após muito pensar chegou a sua última conclusão:
-- Filho, eu quis fugir e conheci um mundo diferente. Voltei e descobri que nada mudou! Não importa o tempo que passe, parece que existe uma força maior por aqui ou talvez seja assim mesmo que tudo tenha que ser. Eu sei no que está pensando, pode crer, eu sei! Pensa em voltar e tentar fazer algo de importante para que outros tenham a possibilidade de se encontrarem um dia num mundo melhor, eu sei disto tudo e lhe faço um pedido: continue sua vida longe daqui, constitua família e seja feliz, como eu tentei e acho que fui...
O velho João se foi. O novo João pensou muito, decidiu ficar e acabou formando uma família e...
É, isso mesmo, até hoje a história se repete e a só uma conclusão eu chego:
“Às vezes vale a pena tentar mudar, nem que seja para morrer tentando...”
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Conversas dentro do templo do amor
Pressentimento!
Grande abraço!