Encontro com um anjo ... da madrugada

Arrimando o corpo na varanda convocava o sonho, temendo mais uma vez se negasse a me visitar nessa noite. De repente vi passar um anjo de cabelo mate e tez dourada, animando meu coração de banda a banda.

Voou tão baixo, sobre minha ventana, que fora de mim esqueci dormir e fiquei fascinado.

Solícito e tíbio lhe inventei um rosto e, baixo seus olhos, descubri o rocio que se derramava. Presenti o inferno que lhe acompanhava e busquei remédios para a tristeza que a derrotava.

Chorava baixinho, tão atribulada, que fora de quicio esqueci de mim e me lamentava:

¿Quem te magoaria princesinha fria da madrugada?. ¿Quem brilhou com tua energia sem saber guardá-la?

Eu quis lhe passar o resto das minhas alegrias, porém, bem pensado, para tanta dor não lhe alcançaria.

¿Quem te magoaria princesinha fria da madrugada?...

Apertado o coração, já se afastava. Não bastou meu instinto para o malefício que lhe adivinava. Para o mal de amores e para o desatino, não tem sentido nem as esperanças.

E se foi indo tão baixinho, como chegara, que fora de juízo deitei na varanda e me perguntava:

¿Quem te magoaria princesinha fria nessa madrugada?...

Daniel Dantas
Enviado por Daniel Dantas em 23/11/2009
Reeditado em 23/11/2009
Código do texto: T1938983