Encontro com um anjo ... da madrugada
Arrimando o corpo na varanda convocava o sonho, temendo mais uma vez se negasse a me visitar nessa noite. De repente vi passar um anjo de cabelo mate e tez dourada, animando meu coração de banda a banda.
Voou tão baixo, sobre minha ventana, que fora de mim esqueci dormir e fiquei fascinado.
Solícito e tíbio lhe inventei um rosto e, baixo seus olhos, descubri o rocio que se derramava. Presenti o inferno que lhe acompanhava e busquei remédios para a tristeza que a derrotava.
Chorava baixinho, tão atribulada, que fora de quicio esqueci de mim e me lamentava:
¿Quem te magoaria princesinha fria da madrugada?. ¿Quem brilhou com tua energia sem saber guardá-la?
Eu quis lhe passar o resto das minhas alegrias, porém, bem pensado, para tanta dor não lhe alcançaria.
¿Quem te magoaria princesinha fria da madrugada?...
Apertado o coração, já se afastava. Não bastou meu instinto para o malefício que lhe adivinava. Para o mal de amores e para o desatino, não tem sentido nem as esperanças.
E se foi indo tão baixinho, como chegara, que fora de juízo deitei na varanda e me perguntava:
¿Quem te magoaria princesinha fria nessa madrugada?...