II - Ouvidos afinados

José era mecânico, começou a trabalhar ainda muito jovem em uma oficina no interior de São Paulo, mas desde cedo apresentou um talento para ouvir os carros. Ele aprendeu tudo sobre mecânica e logo percebeu que cada problema apresentava um som diferente e mesmo sem olhar o carro pelo som dizia: _ É esse o problema! Para espanto de todos.

Com seu talento logo abriu sua própria oficina mecânica e prosperou, casou-se e deve três filhos, nenhum havia herdado o seu talento, mas todos eram honestos e trabalhadores.

Certo dia entrou um granfino metido em sua oficina, que logo começou a achar que José o estava enganado, pois ele não havia sequer tocado no carro.

_ Pode parar moço! Ninguém vai mexendo no meu carro sem nem olhar o defeito primeiro. Disse o moço com cara feia.

_ O problema de seu carro é uma fissura no interior do motor, mas se o senhor quiser pode ir consultar outro mecânico. Disse seu Zé descendo as escadas da oficina.

_ E eu vou mesmo! Onde já se viu isso um mecânico que nem olhou o carro dizer o que ele tem.

_ Há! Há! Há! Gargalharam todos na oficina.

_ Do que estão rindo? Perguntou o moço meio irado.

_ O nome da oficina é “Ouvidos afinados”, porque o dono sabe o problema de ouvir o som dos carros.

_ É? Perguntou o moço meio sem jeito quando viu chegar o dono da firma em que ele trabalhava.

_ O que foi Zé? Perguntou o senhor Limeira, que acabara de chegar.

_ É, esse jovem que não está confiando no meu trabalho. Disse seu Zé apontando o jovem.

_ Que isso Rafael esse é o melhor mecânico da região, se ele falou você pode confiar! Disse o senhor Limeira.

_ Mas ele sequer olhou o carro!

_ Há! Há! A gargalhada correu solta pela oficina. Clientes, empregados e a turma da cantina riam sem parar.

_ Meu jovem seu Zé tem um talento de nascença ouve o barulho e já diz o que é. E isso é fato provado e comprovado por todos que já passaram por aqui.

_ Bom! Já que o senhor garante é melhor a gente ver. Disse o jovem meio contrariado.

O moço conferiu era mesmo uma fissura no interior do motor. E o jeito foi virar freguês na oficina do seu Zé.

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A cada um, Deus em sua infinita misericórdia, concede uma benção, que todos nós temos, porque esta nós é dada através de nosso esforço, trabalho no bem e auxilio caridoso para conosco e para com os outros.

Aquele que hoje ouve a sinfonia dos carros pode muito bem ter treinado reencarnação após reencarnação, até forjar essa proeza aos nossos olhos.

Tudo está na lei do mérito:

Observação atenta gera aprendizado;

Trabalho incessante produz o sucesso;

Luta sem desânimo leva a vitória;

Honestidade cativa os desconfiados;

Humildade realça o resultado;

Dia após dia as conquistas aparecem;

Sintonia no bem;

São os segredos dos ouvidos afinados. Pois só o trabalho incessante no bem afina o instrumento material que usamos.

Língua que esta sempre em sintonia com a verdade, produz bons oradores.

Olhos que procuram ver sempre o bem, nunca ficam na escuridão da cegueira.

Mãos que trabalham em favor do próximo não sofrem amputação.

Pernas que conduzem ao caminho reto não ficam atrofiadas ou paralisadas.

Ouvidos que não se prestam a ouvir a maledicência alheia, não se tornam reféns da surdez.

Mente que produz incessantemente boas idéias, bons pensamentos, soluções para problemas coletivos, jamais ficam inativas.

Nós somos os senhores de nossos destinos. Saibamos fazer o melhor uso de nosso instrumento físico para aproveitar mais os benefícios da afinação.