Piolho de cobra

Vixe Maria! Que auê na casa de Rosinha.

Firmino, galo velho, experimentado da vida, não deu conta do bicho.

Mas, quando o verme apareceu na cozinha (pobre Rosinha, cozinhando distraída), foi um tal de “Firmino, vem cá! Acode aqui meu filho!”. Um desespero só.

O piolho de cobra, arisco e veloz como uma peçonhenta, foi se esgueirando entre os pés da mesa, e se escondeu atrás do fogão.

Firmino, desesperado e sem saber de nada, suando frio se dirigiu a mulher:

_Que foi Rosinha? Se cortou? Caiu de mal jeito?

Rosinha, mais desesperada e se tremendo toda, berra como um cabrito faminto:

_ Pega Firmino! Mata esse bicho ruim! Olha ele aí.

Nessa hora, Rosinha já estava em cima da mesa.

Firmino arrasta fogão, pega chinelo, pega vassoura, detergente, água sanitária.

Mas, que nada. O bicho era esperto. Corria de um lado para o outro, dando uma canseira em Firmino.

E Rosinha, lá em cima da mesa, berrando mais do que nunca.

O bicho não encontrou mais lugar pra se esconder na cozinha, e partiu para o banheiro.

E lá foi Firmino atrás do tira sossego.

Muito veloz, o bicho se entocou no ralo, onde Firmino não podia alcançar.

Rosinha, mais apreensiva, entrou, deu uma olhada nos cantos, levantou o tapete, lixeira e se certificou de que o bicho não estava lá.

Então, ela olhou pra Firmino, este já não agüentava mais do cansaço que o bicho tinha dado nele.

Rosinha lhe disse:

_ Firmino, é melhor ficar de plantão essa noite aqui, pois esse bicho ainda há de voltar.