MEU PRIMEIRO NEGÓCIO

Nasci na zona rural e lá vivi até meus oito anos.

Depois que meus Avós morreram minha Mãe vendeu o pedaço do sítio que lhe coube como herdeira e comprou uma pequeníssima chácara na periferia da nossa querida Carlópolis.

Lembro-me bem da “casa de tábua” onde fomos morar.

Um enorme avanço pra quem até então vivia numa “casa de taipa coberta com sapé”.

Finalmente minha Mãe deixaria de trabalhar na roça para dedicar-se somente ao serviço de costureira.

O dono anterior, seu Gregório, havia sido caprichoso, por isso a chacrinha tinha um pomar de laranjas, limão, marmelo e muita banana.

O primeiro dinheiro que ganhei na cidade foi fruto de uma empreitada difícil para um garotinho de oito anos.

Da nossa casa até a rua principal dava uns 800 metros. Contudo parecia-me ter quilômetros quando praticamente arrastei uma cesta de taquara com doze dúzias de banana nanica que levei pra vender.

Mas tive muita sorte!

Ainda guardo vivo na memória o rosto e a elegância do seu Davi, um libanês a quem, na primeira oferta, vendi as bananas.

Não esqueci nem o diálogo:

___O senhor quer comprar banana?

___Quanto custa à dúzia?

___Um cruzeiro!

___Quantas dúzias você tem aí?

___Doze!

___Entregue tudo pra minha esposa ali na quitanda e volte aqui pra receber!

Com doze cruzeiros no bolso, agradeci o seu Davi, passei na padaria do seu Xisto comprei um pão-doce e cem gramas de mortadela. Depois fui pra casa contei tudo pra minha Mãe e lhe disse que era o menino mais feliz do mundo.